sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

UM OIZINHO, 410 SEGUIDORES E JÁ PREPARANDO MAIS ARTIGOS!!

Para quem pensa que sumi.... voltei! É que eu estava trabalhando muito. Bom, depois da surpresa de fim de ano, quando fui avisada, no dia 20 de dezembro, que a revista que eu trabalhava chegara ao fim, consegui o meu primeiro frila do ano. Quando recebi a notícia do fim da Hola! Brasil, a revista que eu trabalhava, foi um choque, afinal, era a primeira vez que eu estava simplesmente amando trabalhar num lugar, com pessoas do bem, muito legais, e um lugar com uma energia incrível. Foi o lugar que mais amei trabalhar até hoje em toda a minha vida. Até parecia um sonho! Eu já acordava muito feliz e assim ia para o trabalho. Escrever para a Hola! Brasil durante oito meses foi um grande aprendizado para a minha vida profissional. Isso se reflete até mesmo aqui no blog. Nossa foi outro luto. O segundo em três meses. Nossa mais uma vez percebi o quanto sou forte. Passei muito mal, que cheguei até a sangrar. Uma loucura. No momento, encontro-me desempregada, mas sei que é apenas uma fase de transição. Já estou fazendo entrevistas, mas sei que tenho que ter paciência, pois janeiro é um mês ingrato. E, no Brasil, ainda temos a mentalidade de que tudo começa após o carnaval. Uó! Mas aproveitei meus contatos, que não são poucos, e fui trabalhar na maior semana de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week. Como sempre uma loucura, mas como dessa vez eu não fui como repórter, mas sim como parte da assessoria de imprensa de alguns dos grandes estilistas que desfilaram por lá, foi muito mais tranquilo.

Nesta uma semana que fiquei sem entrar aqui, vi que o A Endometriose e Eu já está com mais 10 seguidores. Já estamos com  410 seguidores. Inclusive, já estou preparando novo post. Também já preparo o primeiro do ano do site Muriaé na Web. Quero ver se consigo colocar ainda hoje aqui e no face. Em breve, darei mais uma entrevista. É para um programa de saúde do Rio Grande do Sul. Desde dezembro eles estão em contato comigo e já estão fazendo a pauta. Ligaram na última semana para falarem que está tudo certo, só falta a produção viajar a São Paulo. Na capital paulista, além de mim, eles vão entrevistar o dr. Eduardo Schor, coordenador do ambulatório de algia pélvica e endometriose da UNIFESP-EPM. É o lugar que o blog indica. Simplesmente, um lugar humano, com médicos humanos e supercompetentes. Beijos com carinho!!

sábado, 14 de janeiro de 2012

ENDOMETRIOSE, UMA DOENÇA QUE DÁ MUITO DINHEIRO E ENRIQUECE OS ESPECIALISTAS!!

Ser portadora de uma doença enigmática, que muitas vezes é tida como incapacitante, num país subdesenvolvido, é receber a sentença de um sofrimento sem fim. Ter essa certeza e escrever sobre isso é uma grande decepção pra mim, que sou brasileira, e apesar de muitos acharem que eu não gosto do país, porque digo que quero muito viver num país onde os políticos são honestos, eu digo: gosto muito daqui, e se não fosse esses políticos corruptos, talvez não quisesse tanto ir embora. Não adianta sermos a sexta economia do mundo, passar o Reino Unido, se ainda não oferecemos saúde e educação aos quase 191 milhões de brasileiros. Isso é um absurdo e uma grande contradição! Só os bobos (para não dizer outra coisa) é que comemoram isso. Mais absurdo ainda é quando você porta uma doença que destrói toda a vida da mulher, seja no âmbito profissional, no pessoal ou no social, e que essa mulher, que paga seus impostos mensais em dia, é obrigada esperar um ano ou até mais por uma cirurgia na rede pública. Mais absurdo ainda é constatar que essa doença é tão desconhecida da classe médica quanto dos cidadãos. Isso me dá um grande pavor e uma profunda tristeza. No Brasil, muitos profissionais aproveitam que são especialistas renomados, que são conhecidos por especializações no exterior, por estarem na mídia ou por serem professores de grandes universidades e cobram fundos e mundos por consultas e cirurgias. Aproveitam que há poucos bons especialistas no país e o fato também de a doença ser extremamente grave para abusar dos preços de seus serviços. Agora, bons especialistas que atendem e operam por convênios são raros. Nossa quase não existe.


Bom, resolvi escrever sobre esse assunto, que até já pincelei por aqui, porque recebo diariamente inúmeros e-mails contendo os mais absurdos preços por uma cirurgia feita por videolaparoscopia. Tenho em mãos preços que variam de 15 a 35 mil reais apenas pelo serviço de ginecologista especialista na doença. Isso sem contar hospital, anestesista, um gastro ou um procoto, que em muitas cirurgias, a chamada equipe multidisciplinar é fundamental para conter o avanço da endo. Se cada especialista cobrar isso, dependendo da quantidade de médicos, uma cirurgia pode sair por mais de 30 a 100 mil reais. Uma verdadeira fortuna para a maioria das mulheres que vive com um salário mínimo de 622 reais. Para quem tem a dispareunia, a fisio uroginecológica é outra despesa gigante Por se tratar de uma fisio muito específica, ela é muito cara. Além dos cursos de especializações serem muito caros, existe poucas pessoas interessadas nessa área. Razões pelas quais 30 minutos de sessão custam cerca de 250 reais. No meu caso, eu precisava de duas sessões por semana. Na semana seria 500 reais, num mês 2 mil reais. Um valor absurdo para quem não nasceu abastarda pelo dinheiro, ou para quem não pensa como os nossos políticos, que só roubam, roubam, roubam e quase nada fazem. Além dos especialistas, as medicações também são muito caras. Só o Zoladex, um remédio quimioterápico e que induz a menopausa, um dos tratamentos para controlar a endo, por exemplo, custa cerca de 2 mil reais. É a endometriose enriquecendo os especialistas e laboratórios. Claro, por aqui, sempre tem um espertinho que ganha com o sofrimento do outro.

Aí, uma situação que eu fico ainda mais abismada é quando vejo portadoras, que deveriam ser contra tudo isso, indicando apenas médicos particulares. Muitas vezes não acredito que essa pessoa tem endometriose. Será que a doença não trouxe a ela problemas financeiros? Afinal, eu tive a minha vida devastada pela endo. É como se um tsunami tivesse passado por ela. Em março, irá fazer três anos que descobri ser portadora de endo, e ainda junto os cacos para tentar reconstruir a minha vida. Ainda hoje tenho reconstruí-la, e mesmo com as dívidas e o acordo com banco (até agora o meu único acerto), ainda falta um cartão e a minha prima, mas tudo que faço é com muita honestidade. Prefiro ficar como a babaca honesta, mas com a minha consciência paz. Em muitos momentos tenho muita raiva disso tudo, mas sei que um dia teremos que prestar contas de tudo o que fizemos por aqui. Se eu morasse num país desenvolvido, se a doença fosse reconhecida como social por aqui, como é na Europa, e se ganhássemos algo do governo, enquanto estivéssemos em tratamento, a minha vida não teria virado de pernas pro ar. É como se não existíssemos para o governo. Louco isso não?! No Brasil, pagamos impostos altíssimos até para respirar. Como eu digo, aqui só não pagamos impostos para sonhar, de resto pagamos tudo, mas o engraçado é que não existimos para os nossos governantes.

Temos que fazer alguma coisa. E urgente!! Não podemos ficar parada. Não aé justo sermos tratadas com tanto desprezo por parte de nossos governantes. Ainda mais num país que tem mais mulheres do que homens. Sim, no Brasil, a população está mais feminina. Já somos 97.342.162 contra 93.390.532 homens. Então, cerca de 10 a 15 milhões de brasileiras têm endo. No mundo, são cerca de 150 milhões de portadoras, segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas). Muita gente, não! Pois é, mas pelo fato de nós, mulheres, adiarmos cada vez mais a maternidade, infelizmente, esse número só tende a aumentar. Por isso, além da importância de informar, o Brasil tem que ter uma nova atitude e traçar nova diretriz na chamada Saúde da Mulher. Se isso não acontecer, muitos especialistas continuarão fazendo fortuna à custa de uma doença que traz só sofrimento às mulheres. Esse tema é um assunto e tanto para refletirmos, principalmente, num ano eleitoral como esse. Beijos com carinho!!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O BLOG É NOTÍCIA NO R7!!

Ontem a noite, ao verificar as origens de tráfego do A Endometriose e Eu, vi que alguns números eram provenientes de um blog do R7. Corri para ver o que era e, para minha surpresa, era o blog especializado em mulher da jornalista Claúdia Pinho, o Mulher 2.0, que fala sobre o universo feminino. Muito bom, adorei! Obrigada, Cláudia, por nos ajudar a 'passar pra frente' informações sobre a endo. Beijos com carinho!

Link:
http://entretenimento.r7.com/blogs/mulher-20/

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ADENOMIOSE, ENDOMETRIOMA... AS VÁRIAS FORMAS DA ENDOMETRIOSE!!





Não é a toa que a endometriose é uma doença enigmática. Não se sabe ao certo porque ela aparece em alguns grupos de mulheres. Muitas pesquisas ainda estão em curso, por isso poucas coisas se sabe sobre a doença. O adiamento da gravidez, a hereditariedade são pontos comuns que fazem a mulher portar a endometriose. Ainda não há cura para a endo. Sabe-se também que ela pode ser interna (dentro de alguns órgãos como ovários e útero), e externa, atingindo-se assim diversos órgãos dentro ou fora da cavidade abdominal, como bexiga, intestino entre muitos outros. Quando a doença se instala no útero, ela recebe o nome de adenomiose. Já nos ovários é chamada de endometrioma.

A endometriose surge quando o endométrio, camada interna que reveste o útero, e que serve para abrigar o bebê numa gravidez, se desenvolve fora de seu habitat natural, o útero. Quando a gravidez não ocorre, essa parede se descama e vira o que conhecemos como menstruação, que é renovada mensalmente. Quando os ‘pedaços do endométrio’ se instalam dentro do miométrio (camada externa do endométrio, que nada mais é do que a parede externa que reveste o útero), a endometriose recebe o nome de adenomiose. Ou seja, a adenomiose é a endo dentro do útero. Com isso, o útero tem o seu tamanho muito maior do que o normal, que é cerca de 90 cm³, e os sintomas, como aumento do fluxo menstrual e cólicas muito fortes, são parecidos com os sintomas de mioma uterino. Por isso, ir a um bom especialista em endo é que faz toda a diferença. Para tentar a cura da adenomiose, a retirada do útero por si só, infelizmente, não é garantia da cura. A única forma de tentar a tal cura é retirar os órgãos que alimentam a endo, os ovários. Mesmo sem o útero, nós, mulheres, continuamos a produzir hormônios, que são os vilões da endometriose. É claro que não faz parte da natureza feminina viver sem hormônios, mas se a mulher tiver idade acima de 45 anos, ou a família já constituída, ou seja, com todos os filhos, retirar os ovários e as trompas, principalmente, em quem tem laqueadura, seria a opção mais sábia, pois só assim a mulher poderá chegar à cura da endo. Caso contrário, é necessário controlar a doença por meio de remédios, para que a mulher não menstrue mais. Induzir a menopausa é uma feliz opção. Infelizmente, a cada menstruação, a sombra da endo paira sobre a cabeça de uma endomulher.

Já quando o endométrio se aloja na parede externa dos ovários, a endo recebe o nome de endometrioma. É a consequência da endometriose ovariana. É também conhecido como o cisto de chocolate. Eu tive um cisto assim aos 15 e aos 19 anos de idade. Aos 15, eu operei. Mas, na década de 1990, e ainda por cima na minha cidade, no interior de Goiás, não obtive o diagnóstico de endometrioma, mas sim, como cisto de ovário. Felizmente, nesta cirurgia o meu ovário esquerdo foi preservado. O engraçado é que é justamente nesse lado, que eu sinto a dor da endo hoje, a dor de pontadas agudas. A minha intuição diz que desde essa época, eu já portava a endometriose. O endometrioma se forma a partir de vários pequenos cistos que se fixam na parede externa dos ovários. No período menstrual, esses pequenos cistos respondem aos estímulos hormonais e crescem produzindo outros vários pequenos cistos. Dentro do endometrioma há um líquido bem semelhante ao chocolate derretido. Por isso, eles são conhecidos como cisto de chocolate. Ao mesmo tempo, ele lembra aquele sangue amarronzado de nossa menarca. O meu era assim! Ao se romper, o líquido se espalha por toda a cavidade pélvica e causando as aderências entre os órgãos. A dor dessa ruptura é horrível, pois alguns anos após a cirurgia acho que aos 19 anos, eu também tive outro endometrioma que se rompeu. É uma dor horrorosa!

Agora, quando a endometriose atinge órgãos das cavidades pélvica e abdominal, e os chamados órgãos distantes, essa endometriose é chamada de externa. Em muitos casos, é necessário retirar pedaços do intestino, bexiga, ou a totalidade deles, dentre muitos outros órgãos em que a doença pode se alojar. Na externa, há também a formação de aderências. E, digo, dói muito também. Em casos raros, a endo pode atingir órgãos vitais e distantes da pelve como pulmão, coração e cérebro. É nesses casos que a mulher pode vir a óbito. A explicação para isso é o fato de a doença migrar para vários órgãos por meio da corrente sanguínea. Assim como as várias formas de endometriose, a doença possui quatro estágios de classificação, mas que vou deixar para outro post. Bom, por hoje é só! Estou com um pouco de dores, para variar. Beijos com carinho!!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ENDOMETRIOSE EM HOMENS??


Na minha primeira postagem do ano, queria falar sobre algo diferente. E quando se trata de endometriose, é incrível como a doença tem sempre algo que nos surpreende. Não a toa que ela ainda é um enigma para a medicina. Enquanto muitos pensam que a doença é pouco conhecida por ser nova, já dissemos aqui que a endo é uma doença antiga, e talvez, pode ser ainda mais velha do que imaginamos. Agora, outro fato curioso é a possibilidade de homens serem portadores de endometriose. Será?? Olha, algumas vezes já até disse que gostaria que alguns homens também portassem a endo. Afinal, a doença é tão terrível que, para relatar as nossas dores e todos os nossos sofrimentos, só quem tem mesmo. Quem me conhece sabe que não sou nem um pouco má, mas a minha suprema vontade seria que todas as pessoas que não acreditam em nossas dores, que acham que nós somos preguiçosas, frescas, independente do sexo e da idade, tivessem endometriose para experimentar um pouco das nossas dores e as consequências da doença, de preferência as sexuais, por pelo menos um ano. Apenas um ano pelo menos! É muito pouco para quem sofre 5, 10, 15, 25 anos, ou até mais. Porque é fácil falar quando não somos nós quem sente as tais dores horrorosas que nos impede de andar, de sair com amigos, de trabalhar, de ter uma boa qualidade de vida, entre muitas outras perdas que a doença nos traz.

Hoje achei na internet um artigo com relatos de endo num homem de 69 anos, após tratamento hormonal por conta de um câncer de próstata. Se a endo realmente atingissem homens, como afeta as mulheres, acho que seria mais fácil e demoraria menos para que as autoridades brasileiras reconhecessem a doença como uma doença social no país, já que ainda vivemos num país muito machista. Foi o que ouvi da endócrino no meu retorno no mês passado. Apesar de muitos afirmarem que não. A verdade é que a endo não para de nos surpreender, e pelo visto, mais surpresas sobre ela estão por vir.


Segue abaixo o artigo em inglês, e abaixo, sua tradução.


A rare case of paratesticular endometriosis in a 69-year-old male with prostatic carcinoma, who had a history of 9-year hormonal therapy, is presented. The lesion was a multilocular cyst, 5.2 cm × 3.1 cm × 3.0 cm in size, in the left paratestis. The cysts were lined by a single layer of cuboidal cells. A small number of glands were scattered in the underling stroma composed of closely packed small round or ovoid cells with scant cytoplasm resembling endometrial stromal cells, and abundant capillaries. Hemosiderin deposits were observed. Immunohistochemically, the lining cells of the cysts and glands were positive for CAM5.2, vimentin and calretinin, and were negative for CD10, estrogen and progesterone-receptors, indicating mesothelial profiles. The stromal cells expressed vimentin, estrogen- and progesterone-receptors and CD10. The findings indicated stromal endometriosis associated with the tunica vaginalis. Mullerian or endometriotic metaplasia and stromal cell hyperplasia under the influence of prolonged estrogen therapy may be the mechanism of this lesion.

Fonte: Sciencedirect

Um caso raro de endometriose paratesticular em um homem de 69 anos de idade com carcinoma da próstata, que tinha uma história de nove anos de terapia hormonal, é apresentado. A lesão foi um cisto multilocular, medindo 5,2 cm × 3,1 centímetros x 3,0 centímetros de tamanho, na paratestis esquerda. Os cistos foram revestidas por uma camada única de células cúbicas. Um pequeno número de glândulas foram espalhados no estroma underling composto de forma compacta rodada pequenos ou células ovóides com citoplasma escasso lembrando células do estroma endometrial, e capilares abundante. Depósitos de hemossiderina foram observados. Imunohistoquímica, as células que revestem dos cistos e glândulas foram positivos para CAM5.2, vimentina e calretinina, e foram negativas para CD10, estrogênio e progesterona receptores, indicando perfis mesoteliais. As células do estroma expressa vimentina, estrogênio e progesterona receptores CD10. Os resultados indicaram endometriose estromal associada à túnica vaginal. Metaplasia mülleriano ou endometriose e hiperplasia de células do estroma, sob a influência da terapia com estrogênio prolongada pode ser o mecanismo da lesão.

Esse é um texto para refelxão, e para que todos respeitem ao próximo como se fosse a si mesmo, pois não sabemos quem terá endometriose amanhã. Beijos com carinho!!