terça-feira, 17 de novembro de 2015

TER ENDOMETRIOSE SIGNIFICA COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ E NO PARTO?

Fonte: artigo original blog Tonic Tea

Recebi algumas mensagens na fanpage do A Endometriose e Eu pedindo que abordássemos o tema gravidez e complicações no parto. Já pedi ao doutor Hélio Sato para escrever um texto mais abrangente sobre o assunto. Sem saber, nosso querido colaborador Alexandre Vaz traduziu este texto da australiana Kate Young onde ela fala um pouco sobre o tema. Eu já recebi relatos de muitas portadoras falando que sofreram horrores durante a gestação. Eu não tive nada, nada de dores da endo ou coisa do tipo. Eu sofri mesmo porque a reta final da minha foi no verão, então, imagine como fiquei. Não aconselho ninguém a ter os últimos meses de gravidez na estação mais quente do ano. Não sei se é porque eu já não sinto nenhuma dor desde junho de 2012, quando fiz minha segunda e última videolaparoscopia. Como o meu obstetra é também o meu especialista em endo, então, se eu tivesse sentido algo seria muito mais fácil, pois essa é uma dica de Kate: a comunicação entre o obstetra e o especialista. Se você acha que vai engravidar e ficar curada da endometriose, leia o texto do doutor David Redwine sobre o tema (A gravidez é a cura da endometriose?). Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Kate Young 
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

Ser portadora de endometriose significa que terá complicações na gravidez e no parto?


Não acham a endometriose uma doença bem divertida? É difÍcil ler algo sobre endo sem que alguém jogue na sua cara a possibilidade de infertilidade, e agora todo o mundo está falando de gravidez e complicações no parto também. Coisa boa, gente. 

Recentemente as coberturas da mídia (*) sobre a endometriose causar “risco mais elevado” na gravidez e no parto foram todas baseadas num único estudo. No mundo da ciência nós precisamos constituir as evidências com base em mais do que um estudo antes de afirmar algo.

Felizmente alguns pesquisadores reviram recentemente todos os estudos que abordaram os resultados das gravidezes de portadoras de endometriose (como poderá ler aqui). Essa postagem é um breve resumo do que eles descobriram.

Aspectos importantes:

1. As descobertas podem não se aplicar ao seu caso em particular. O risco da gravidez e de complicações no parto estão provavelmente associados com a severidade física e localização da endometriose (por exemplo, a proximidade de um órgão reprodutor), e também ao ou aos tratamentos recebidos no passado (exemplo, tendo feito uma cirurgia importante que tenha causado mudanças na estrutura de algum órgão reprodutor).

2.Poucos estudos levaram em conta se a mulher sofria de uma doença chamada adenomiose para além da endometriose. Essa doença é conhecida por estar associada a um maior risco da gravidez e de complicações no parto, e poderá ter infuência nos resultados.

3. Muitos estudos não levaram em conta os efeitos do uso da tecnologia de reprodução assistida, que acarreta um risco maior da gravidez e de complicações do parto. Nesses estudos é possivel que o uso dessa tecnologia possa ter sido a única causa do aumento do risco.

Gravidez em tenra idade:

Um aborto acontece quando a gravidez termina espontaneamente, geralmente nos primeiros três meses. Estima-se que 1 em cada 5 mulheres que ficam grávidas irão experimentar um aborto, mas pouco se sabe ainda sobre as causas. A situação é menos clara ainda para as portadoras de endometriose.

Estudos realizados para descobrir se a associação entre o fato de ter endometriose e a ocorrência de aborto têm sido de fraca qualidade. Lembre que alguns, mas não todos desses estudos descobriram que as portadoras possuem uma taxa de aborto ligeiramente mais elevada do que as mulheres que não têm endometriose.

Gravidez tardia:

Sete estudos baseados na população examinaram a associação entre a endometriose e vários resultados da gravidez. As descobertas desses estudos (note o uso da palavra “sugere” em vez de “demonstrou”) um risco aumentado de hemorragia obstetricial, placenta prévia e nascimento precoce para mulheres com endometriose.

Uma associação envolvendo pré-eclâmpsia (1), bebês com baixo peso e cesárias recebeu menos suporte. O risco geral para todas essas complicações é relativamente baixo.

O que significa tudo isso?

Não existem evidências de boa qualidade para informar as portadoras acerca da gravidez e das complicações do parto. Os autores da revisão notaram que os seguintes pontos devem ser considerados para os cuidados maternos a administrar às portadoras:
  • É muito importante que a mulher receba informação sobre as potenciais complicações específicas para o seu caso em particular, incluindo informação sobre os riscos e benefícios de um parto vaginal e de cesárea;
  • Pesquisas recentes não aconselham o uso de exames de imagem adicionais durante a gravidez, principalmente por não serem capazes de antecipar complicações na gravidez e no parto;
  • Portadoras que experimentam dor abdominal durante a gravidez beneficiariam de cuidados que considerem a possibilidade de complicações associadas com a endometriose.
Penso que a mensagem principal a retirar disso é que existe a possibilidade (não a certeza) da existência de um risco maior na gravidez e de complicações no parto se for portadora. Dada essa possibilidade, poderá ser benéfico ter um profissional de cuidados maternos (parteira, obstetra) em quem você confie e com quem esteja confortável para debater essas suas preocupações.

Dependendo do seu caso particular, será desejável que o seu obstetra tenha um canal de comunicação facilitado com o seu especialista de endometriose para que toda a equipe que cuida de você esteja na mesma linha de pensamento.

(*) Escolhi não linkar nenhum desses artigos já que eles são enganadores e promovem uma “cultura de medo” em torno do nascimento.

Fonte: Tonic Tea

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

MATTHEW ROSSER: ENDOMETRIOSE IMITADA POR IMPRESSORAS DE ESCRITÓRIO?

imagem cedida por Free Digital Photos


Sim, você leu o título certo! Uma mulher com suspeita de endometriose descobriu ter nanopartículas de carbono dentro dela durante uma laparoscopia. É cada uma que descobrimos ao redor do mundo. Muito obrigada ao nosso colaborador português, Alexandre Vaz, por estar atento aos mais variados textos e por trazer a todos nós textos inéditos e exclusivos. Sem muitas palavras, leia o texto a seguir. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Matthew Rosser
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar


Endometriose imitada por impressoras de escritório, sim, você leu certo!

Encontramos muita coisa estranha nesse mundo, a maioria em reality shows na tevê, mas ocasionalmente surgem artigos científicos que deixam a gente coçando a cabeça e pensando “mesmo?”.

Existe um blog dedicado a esse tipo de pesquisas como por exemplo: “Usar rastas no cabelo cura medo de aranha”, ou um estudo sobre como o seu rendimento aumenta a sua propensão para comer moedas. Nem vou perder tempo falando sobre o fato de parecer que existe um pote de ouro infindável para financiar esse tipo de pesquisa que me deixa fervendo de raiva. Se você quiser fazer pesquisa séria sobre uma doença crônica como endometriose precisa implorar migalhas e, talvez, catar latinha de refrigerante na praia. Não vou perder tempo com isso mesmo.

Onde eu quero chegar com isso é que, ocasionalmente nesse mundo de pesquisas científicas inúteis, podem surgir coisas interessantes pelo meio. Isso conduz a uma das minhas recentes descobertas. Um relatório intitulado “Submesothelial of carbon nanoparticles after tonner exposition: case report - Submesotelial de nanopartículas de carbono após a exposição ao tonner: relato de caso” que me deixou de queixo caído, considerando que eu estava fazendo pesquisa sobre endometriose.

Esse não é um artigo zombeteiro como os anteriores que descrevi, mas uma investigação séria sobre os efeitos na saúde humana libertadas por impressoras e fotocopiadoras laser nos escritórios.

Um caso revelou-se particularmente interessante: uma mulher a quem foi realizada uma laparoscopia por conta de suspeita de endometriose. Os cirurgiões descobriram depósitos negros no peritôneo (cavidade pélvica), o que lançou suspeitas de endometriose. Contudo,os cirurgiões recolheram amostras desses supostos implantes endometrióticos e examinaram-as em um poderoso microscópio. O que eles descobriram, para sua grande surpresa, foi que os depósitos negros que pareciam ser endometriose à vista desarmada, eram na verdade aglomerados de nanopartículas de carbono (essencialmente as partículas libertadas pelos cartuchos de toner das fotocopiadoras). Para terem uma noção, a partícula maior tem 60 nm (nanômetros). Isso equivale a pegar uma régua e dividir o espaço de 1 milímetro (a divisão menor) e dividir ele em 1000. Depois pegar um desses espacinhos e dividir em 17. Cada uma dessas divisões equivale aproximadamente a 60 nm. Não era de todo endometriose. Bem estranho, acho que todo o mundo concordará.

Então como foi que essa poeira foi parar na cavidade pélvica dessa mulher? A senhora em questão trabalhava num escritório no meio de oito fotocopiadoras, e para além disso, ela usava uma impressora a laser com muita frequência, significando que ela tinha muito tempo para inspirar grandes quantidades de partículas.

Os autores especulam que as partículas entraram no corpo através dos pulmões, e por serem tão pequenas, conseguiram passar através do revestimento dos pulmões para o sangue através dos vasos linfáticos. De lá elas viajaram pelo corpo e por algum motivo ficaram depositadas na cavidade pélvica.


Tanto quanto sei esse é o único relato de nanopartículas de carbono parecendo com endometriose, e com uma observação cuidada (em laboratório) fica fácil distinguir entre eles. Mesmo assim trata-se de uma descoberta muito incomum.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

DAVID REDWINE: ENDOMETRIOSE EM ADOLESCENTES!

imagem cedida por Free Digital Photos

Já falamos sobre o tema "Endometriose em adolescentes", na coluna do cientista inglês Matthew Rosser, e agora voltamos ao assunto na do doutor David Redwine. Aqui o cientista americano relata casos da literatura científica, onde a mais nova tinha 10 anos e meio e a mais velho 78 anos. Infelizmente, a endometriose independe da idade da mulher. O que precisa existir são médicos mais capacitados a diagnosticarem a doença o mais breve possível para acabar com o sofrimento de milhões de meninas e mulheres no mundo todo. A atenção dos pais, em especial, das mães é muito importante para ajudar a ver que há algo de errado no corpo da filha. Já falamos aqui na coluna do doutor Redwine sobre a evolução da cor da endometriose relacionada à idade. Por isso o conhecimento do especialista e o olho bem treinado é muito importante para eliminar todos os focos numa cirurgia. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


Por doutor David Redwine 
Tradução: doutor Alysson Zanatta
Edição: Caroline Salazar 
Endometriose em adolescentes
A endometriose é uma doença com oportunidades iguais a todos, afetando mulheres de todas as idades. A paciente mais jovem relatada na literatura tinha 10 anos e meio, com apenas dois ciclos menstruais prévios. A mais velha tinha 78.
Sintomas
Desde 1978, eu operei mais de 3000 mulheres com endometriose, sendo aproximadamente 100 delas com menos de 20 anos. Minha paciente mais jovem tinha 13 anos. As adolescentes com endometriose geralmente tinham dores desde os primeiros ciclos menstruais, apesar que algumas têm dor após alguns anos. O termo médico para menstruações dolorosas é dismenorreia, o que significa ciclos menstruais difíceis.
Muitas pessoas naturalmente entendem a dismenorreia como uma cólica uterina. Isso pode ser verdade, mas um questionamento mais atento mostra que pode haver outros tipos de dor durante o fluxo.
Por exemplo, algumas pacientes têm dores que se iniciam até duas semanas antes do início do fluxo menstrual. Essa dor pode ser aguda, em queimação, ou pode parecer uma cólica mesmo antes do fluxo. Essa dor pode aumentar com a proximidade do ciclo, mas a paciente pode conseguir controlá-la com sucesso com analgésicos, e portanto ela não ser percebida.
Essa mesma dor pode aumentar drasticamente com o surgimento do fluxo menstrual, resultando em absenteísmo da escola, do trabalho, ou de outras atividades. Enquanto possa haver cólicas uterinas severas sobrepostas a esse tipo de dor, as cólicas podem não ser o único componente da dor.
Como a paciente pode estar tão doente durante o fluxo, a dor que a levou a ficar dessa maneira pode parecer trivial quando comparada. Assim, as mães, professores e amigos dizem frequentemente às adolescentes que, “Isso faz parte de ser mulher” ou “são apenas cólicas de menstruação”. Esse reforço de que tudo está bem pode levar a um atraso de vários anos até o diagnóstico de endometriose.
Com o início da vida sexual, elas podem perceber que as relações sexuais são dolorosas porque o local mais comum de ocorrência da endometriose é o fundo de saco de Douglas, que está no fundo da vagina atrás do colo do útero. A doença no fundo de saco pode gerar dor com os movimentos intestinais particularmente durante o fluxo menstrual, já que a passagem das fezes no reto adjacente pode arranhar áreas dolorosas com doença no fundo de saco ou ligamentos útero-sacros.
Algumas vezes a paciente pode perceber dores enquanto se senta, já que o tecido mole do glúteo é empurrado para cima em direção ao fundo de saco. Se a paciente tem um cisto de endometrioma no ovário, pode haver uma dor distinta naquele lado acometido, às vezes com irradiação da dor para o flanco ou abaixo na perna.
Avaliação Médica
Uma questão difícil para os pais de adolescentes que sofrem com dor pélvica é o que fazer a respeito, já que muitos não querem se exceder se “isso é apenas cólica menstrual”. O primeiro passo é perceber que se uma adolescente estiver perdendo dias de escola ou atividades diárias devido à dor, isso não é normal e, portanto, uma ajuda médica deve ser procurada. Se a adolescente ainda estiver sendo vista por um pediatra, essa seria uma escolha inicial aceitável, apesar que os pediatras podem não ter muita experiência com dor pélvica e eventualmente se sentirem desconfortáveis em realizar um exame ginecológico. Pode ser que seja melhor uma consulta com um ginecologista, apesar que nem todos os ginecologistas são igualmente habilidosos em diagnosticar e tratar a endometriose; muitos ginecologistas e obstetras concentram suas atividades no atendimento obstétrico ao invés do ginecológico.
A consulta médica deve incluir um exame ginecológico ou retal, apesar que este nem sempre ocorre. Há uma grande variação entre os médicos nos tipos de exames realizados. Os diferentes resultados dos exames físicos feitos na mesma paciente podem ser devidos a:
  • variação no tamanho dos dedos (médicos com dedos curtos não conseguem atingir o fundo de saco);
  • gentileza (nem todos os médicos realizam os exames com gentileza);
  • experiência (nem todos os médicos sabem as áreas que devem palpar);
  • expectativas sobre o que será encontrado (alguns médicos não querem encontrar nada, enquanto outros esperam encontrar infecções pélvicas);
  • expectativa de reação de uma paciente jovem ao exame (a dor pélvica durante o exame pode ser interpretada como uma resposta vergonhosa normal durante seu primeiro exame).
A endometriose se inicia como ilhas planas de várias cores sobre a superfície pélvica, portanto ela não será identificada à ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética pélvica. Os exames de bário do intestino geralmente são normais, assim como os testes de sangue. A paciente pode ser trivializada devido aos resultados normais dos exames. Isso poderia levar a uma demora no diagnóstico, já que nada parece estar errado além de “apenas cólicas” e o médico pode hesitar em recomendar cirurgia sem nenhuma causa óbvia a se procurar.
Infelizmente, a cirurgia é geralmente a única maneira de certificar-se do diagnóstico. Felizmente, a decisão em se realizar a cirurgia é fácil de ser tomada: se uma paciente estiver deixando de fazer suas atividades diárias devido à dor que não responde ao tratamento com medicações, ou se uma paciente estiver tomando analgésicos opioides (nota do tradutor: que contém derivados da morfina) para controlar a dor, então a cirurgia é necessária.
Qual é o tratamento?
A palavra “tratamento” pode ser interpretada de diferentes maneiras por diferentes médicos. Eu penso “tratamento” como algo que erradica a causa da doença, como antibióticos que matam as bactérias que estejam causando uma infecção urinária. Outros acham que tratamento é fazer qualquer coisa para a doença, não importando se a erradicada ou não.
Alguns médicos acreditam que não fazer nada é um tratamento. Pensa-se que assegurar a paciente em dizer que “tudo é normal” será suficiente para que esta lide com sua dor. A pergunta óbvia que se perde com essa estratégia é “Por que a paciente, e frequentemente seus pais, arranjam tempo para se ausentar de seu trabalho ou escola e vir ao médico devido à dor incapacitante? Apenas para perder tempo?”
Eu não acho que o negligenciamento benigno seja uma boa estratégia. Anti-inflamatórios não-esteroides (como ibuprofeno, naproxeno, piroxicam, etc.) podem ser prescritos e podem ajudar de alguma forma algumas pacientes. Remédios opioides (como hidrocodona, oxycontin, tylenol com codeína, tylenol com oxycontin) podem ser necessários para dor severa, e deveriam levantar o alerta vermelho aos pais, pacientes e médicos, porque claramente não é normal para qualquer pessoa tomar opioides, particularmente adolescentes que deveriam ser relativamente sem doenças.
Culpando as doenças sexualmente transmissíveis
Nas faculdades, muitos médicos são ensinados que as doenças sexualmente transmissíveis (DST`s – doença sexualmente transmissíveis) são descontroladas devido a mulheres sexualmente promíscuas. Esse é claramente um ponto de vista simplista e machista, porém geralmente presente na avaliação inicial da dor pélvica. Mesmo quando uma adolescente relata ser virgem, ela pode ser submetida a testes e tratamentos antibióticos para supostas DST`s. Algumas vezes a paciente pode ser hospitalizada para receber antibiótico intravenoso.
Como a dor severa geralmente cede após algum tempo, conclui-se que a paciente esteja respondendo às medicações e que ela realmente tinha uma DST apesar de exames de cultura darem negativos. Algumas pacientes passam por repetidos esquemas de tratamento com antibióticos até que DST`s sejam descartadas como causa da dor.
Frequentemente são prescritas as pílulas anticoncepcionais. Apesar delas poderem ser úteis no controle dos sintomas de algumas pacientes, não há nenhum remédio que erradique a endometriose.
Tratamento antes do diagnóstico?
Um laboratório farmacêutico, o fabricante do Lupron (nota do tradutor: medicação da classe dos análogos do GnRH, assim como o Zoladex), trabalhou durante vários anos para introduzir um novo paradigma no tratamento da endometriose: o tratamento da endometriose com injeções de Lupron sem um diagnóstico cirúrgico preciso. Houve até mesmo o pagamento de uma monografia colorida que foi enviada a todos os ginecologistas na qual vários “experts” em endometriose sustentavam que a laparoscopia é inútil no diagnóstico e tratamento da endometriose porque ela é feita de forma tão ruim. Enquanto a laparoscopia para o diagnóstico da endometriose possa nem sempre ser bem feita, deveríamos condenar um método comprovado porque alguns não tem a habilidade de realizá-la ou a experiência para usá-la efetivamente? Não faria mais sentido melhorar o conhecimento e as habilidades necessárias para sua realização, independente do método?
A conclusão condenando a laparoscopia poderia ser também vista como algo de ajuda própria. Tratar toda mulher com dor pélvica com algum remédio em particular seria certamente lucrativo ao fabricante. Além do mais, essa abordagem levaria a um atraso no diagnóstico da endometriose ou alguma outra real causa de dor pélvica.
Apesar de ser afirmado que a redução da dor sob uso do Lupron prova que a paciente tem endometriose, isso certamente não é o caso. Qualquer doença estrogênio-dependente pode melhorar com o tratamento do Lupron, incluindo miomas uterinos, adenomiose uterina, dismenorreia (já que os fluxos menstruais são interrompidos), dor da ovulação (já que a paciente não ovula sob uso do Lupron), causas desconhecidas de dor pélvica, e endometriose. Portanto a resposta da dor ao Lupron estreita as possibilidades diagnósticas a cinco ou seis causas.
Enquanto o alívio dos sintomas podem ser muito bem-vindos, deve-se lembrar que as medicações muitas vezes tratam os sintomas, e não a doença, como é neste caso. Nenhum remédio erradica a endometriose. Quando o efeito do remédio se acaba, muitas mulheres terão recorrência da dor em curto espaço de tempo após o retorno das menstruações.
Excisão da endometriose
Como os remédios tratam apenas os sintomas, a cirurgia é o único tratamento para a endometriose. A questão que surge então é: “Qual o melhor tratamento cirúrgico?”. A resposta é simples: aquele que erradica consistentemente toda a doença em todas as pacientes. Eu acho que a excisão da endometriose é a que mais chega perto de atingir esse objetivo. Enquanto a vaporização a laser e a cauterização têm algum potencial de destruir a doença superficial, a doença profunda pode escapar de ser destruída, e o cirurgião pode ter receio de cauterizar sobre estruturas vitais.
Resultados dos tratamentos
O mecanismo de origem da endometriose pode afetar o tratamento cirúrgico. A endometriose é possivelmente causada por metaplasia (nota do tradutor: transformação de um tipo celular em outro) de células embrionárias. Isso significa que há certos locais na pelve onde foram depositadas células embrionárias que se transformarão em endometriose sob estímulo do estrogênio após a puberdade. Esses tecidos existem não apenas nas superfícies peritoneal, mas também como um substrato abaixo da superfície.
Esses tecidos começam a formar endometriose durante a adolescência, terminando antes dos 30 anos. Portanto, a endometriose em adolescentes é uma doença mais precoce que pode ser superficial, e mais fácil de ser removida. Ela também pode ter aparência sutil, e pode então passar despercebida mais facilmente se o cirurgião não souber todas as possíveis aparências da doença.
Além disso, pode ser que nem toda a doença tenha se formado quando uma adolescente passa por cirurgia. Baseado em minha experiência cumulativa desde 1978, as adolescentes têm em média 2,9 áreas pélvicas e 0,13 áreas intestinais acometidas pela doença, em comparação a 3,6 áreas pélvicas e 0,41 áreas intestinais em mulheres acima dos 20 anos de idade. Isso significa que nem toda a endometriose pode ter se formado no momento em que a adolescente passa por cirurgia, e portanto há algum potencial para que a doença se forme mais tardiamente.
Enquanto seria ideal operar todas as mulheres com endometriose por volta dos 25 anos de idade, não é justo adiar a cirurgia para adolescentes devido à sua idade. A dor causada pela endometriose responde extraordinariamente bem com a remoção da doença. Infelizmente, nem toda dor pélvica é causada pela endometriose, e pacientes com endometriose podem ter risco aumentado de desenvolverem mais tardiamente outras doenças ginecológicas como miomas uterinos e adenomiose uterina, apesar da dor recorrente ser frequentemente diagnosticada erradamente como endometriose, mesmo quando não é encontrada durante uma reoperação. Também, cólicas uterinas verdadeiras nem sempre respondem à remoção exclusiva da endometriose, e portanto uma neurectomia pressacral (um procedimento de secção de um nervo) pode ser útil para as cólicas.
Impacto na infertilidade
Muitos médicos são contra a cirurgia porque acreditam que reduzirá a fertilidade da adolescente. Porém, a fertilidade em adolescentes após a excisão da endometriose é excelente. Entre 48 mulheres que passaram por excisão da endometriose durante a adolescência (na minha experiência) e que responderam a um questionário em 1999, 17 tentaram gestar e 13 dessas engravidaram. Essas pacientes esperaram até 81 meses após a cirurgia para começarem a tentar a engravidar.
Portanto, não há nenhuma evidência de que a excisão da endometriose reduza a fertilidade da adolescente, ou de que haja uma “janela” obrigatória de seis a nove meses apenas após a cirurgia quando possa haver a gravidez.
Conclusões
Os médicos tornam a endometriose mais difícil do que ela é realmente. A endometriose é a causa mais comum de dores em adolescentes e é tratável apenas pela cirurgia. A melhor cirurgia é a remoção de toda a doença, e isso resulta em excelente alívio da dor e excelente futuro reprodutivo para as adolescentes com endometriose.
Nota do tradutor: Neste artigo, o doutor David Redwine chama a atenção de que os sintomas da endometriose quase sempre começam na adolescência, apesar de serem frequentemente ignorados. O médico destaca que, adolescentes que deixem de ir à escola ou de fazerem suas atividades por dor pélvica, podem ter endometriose, sendo essa a causa mais comum de dor pélvica severa nessa fase da vida da mulher.
Ainda que a probabilidade de nova cirurgia seja maior para mulheres com endometriose operadas durante a adolescência, essa é certamente a melhor época na vida de uma mulher para que a doença seja diagnosticada e tratada efetivamente por cirurgia.

Para aquela adolescente que tenha cólicas severas e que não melhoram com analgésicos, a laparoscopia pode proporcionar um diagnóstico mais precoce (ao invés dos oito a 10 anos de média de demora), uma remoção mais fácil da doença (já que esta é mais leve e superficial), e a preservação da anatomia pélvica e da fertilidade (possivelmente evitando os casos severos de endometriose avançada diagnosticados por volta dos 30 anos de idade). Certamente faremos grandes avanços no combate à doença se melhorarmos nossos esforços com as adolescentes.



Sobre o doutor Alysson Zanatta:

Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta). 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A HISTÓRIA DA PORTUGUESA LAETITIA CARVALHO E SUA ENDOMETRIOSE UMBILICAL!!


Assim que publicamos o texto "O que você precisa saber sobre a endometriose de pele (de cicatriz e de umbigo) recebi o comentário desta querida leitora portuguesa relatando um pouco de sua história com a endometriose umbilical. Como fala no texto do médico e cientista americano doutor David Redwine, Laetitia nunca havia feito cirurgia anterior. Muitos médicos acham que a endometriose no umbigo só se dá após alguma cirurgia, mas a história abaixo confirma o texto do doutor Redwine. Imediatamente convidei-a a contar seu testemunho aqui para ajudar-nos a acabar com alguns mitos da endometriose. Já pensou você menstruar e sangrar mais de 20 dias pelo umbigo também? Pois é, esta é mais uma história de uma endoguerreira que vai inspirar você a seguir em busca de um diagnóstico para suas dores, mesmo que os médicos não deem tanta importância às suas dores. Nunca se esqueça: somente você sabe o que você passa. Quer ter sua história publicada no A Endometriose e Eu? Conte sua história detalhada com a endo e envie para carolinesalazar7@gmail.com com o título História das leitoras junto com sua foto. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

"Meu nome é Laetitia Carvalho, tenho 29 anos e moro em Cascais, Portugal. 

A primeira vez que menstruei tinha 13,14 anos e lembro-me de ter tido umas dores horríveis e umas cólicas que nunca mais acabavam. Mesmo tomando pílula, havia meses em que desmaiava, ou ia parar ao hospital, ora perdia muito sangue ora não perdi sangue nenhum. Foi assim até aos 22 anos.

Em novembro de 2007 deixei de tomar a pílula e engravidei em Janeiro de 2008 da minha primeira filha. Tive uma gravidez sem problemas e um parto normal. Voltei à pílula e as dores já não eram tão intensas e suportavam-se bem. Foi assim durante 4 anos e meio, altura em que voltei a ter dores, a ter perdas de sangue mesmo antes de acabar a toma da pílula e que decidi engravidar pela segunda vez.

Estávamos em novembro de 2013 quando parei de tomar a pílula e começou novamente o pesadelo... dores sem fim, cólicas horríveis, dores pélvicas (que nunca tinha tido antes), dores à volta do umbigo sempre que vinha a menstruação e um cansaço extremo. Claro que atribui alguns dos sintomas ao trabalho que tinha.

Passado seis meses, as dores pélvicas, muitas vezes, não eram suportáveis e as dores à volta do umbigo já não eram só quando menstruava, também as tinha durante o período de ovulação. Nessa altura, quando menstruava, também tinha perdas de sangue pelo umbigo. Gravidez... nem pensar!

Em maio de 2014 decidi ir à médica de família apresentar as queixas. Mas a respostas não tardou a vir. "Essas dores são normais, já as tinha quando era mais nova. Em relação ao umbigo, isso é uma infecção por não ter cuidado com a higiene dessa zona." No mês seguinte voltei à médica de família, pois as perdas de sangue pelo umbigo, já não era só quando menstruava, eram também quando estava no período de ovulação. As dores já eram mais acentuadas e o cheiro era tudo menos agradável, mas a respostas voltou a ser a mesma.. "Se está sempre a mexer na infecção, como quer que isso passe?" Lá passei o verão cheia de dores cada vez que tinha a menstruação e sempre a sangrar do umbigo, até que no dia 16 de setembro de 2014 a minha vida mudou por completo.

Estava a ajudar a criança nos trabalhos da escola quando sinto uma pontada estranha na zona do umbigo, levanto a camisola e estava a sangrar imenso. Claro que o marido assim que se deparou com aquele cenário, mandou-me direta para o hospital, eu não queria ir, mas ele insistiu. Dei de jantar à filha, coloquei-a para dormir e lá fui para o hospital. Esperei cerca de uma hora (o que nos nossos hospitais é um milagre) para ser atendida.

Quando o médico me viu entrar na sala, além de espantado, perguntou-me logo o que me levava ao hospital aquela hora da noite (eram cerca das 22h30) e eu disse-lhe "Doutor preciso de ajuda para isto" (ao mesmo tempo que levantava a camisola).

Ele olhou e disse logo: "Ou eu muito me engano, mas a menina tem endometriose". A minha reação foi: "Endo quê? Traduza para português e explique-me faz favor." Mais direto que isto o senhor não podia ter sido e depois de me dar uma explicação muito breve, perguntei-lhe o que devia fazer e ele respondeu para eu ir à minha médica de família solicitar uma consulta de ginecologia no hospital da minha região ou então procurar um ginecologista particular.

Quando cheguei a casa e depois de investigar um pouco mais sobre a doença, falei com o marido e optamos por um ginecologista particular, tendo em conta que com a médica de família nunca me iria safar, porque para ela isto era uma simples infecção.

Consegui consulta com um ginecologista particular para o dia 20 de setembro de 2014, expliquei-lhe o que se estava a passar e os meus planos para uma segunda gravidez e assim que ele dá a confirmação de endometriose. Só me lembro de chorar, chorar, chorar e de ele me pedir calma que tudo se ia resolver, que ele estava disposto a ajudar. Como a endo é uma doença que acaba por ser dispendiosa, ele resolveu falar com um colega que trabalha com ele na Maternidade Alfredo da Costa (hospital público em Lisboa), combinamos um dia e uma hora para nos encontrarmos os três para realizar uma nova ecografia. Fui à MAC no dia 7 de outubro realizar a dita ecografia. Estava tudo ok com o útero, ovário direito apresentava uns cistos não preocupantes e os sacos de Douglas estavam impecáveis. Sendo assim, o ideal era mesmo engravidar.

Passaram seis meses, além de não ver a gravidez, as dores tinham piorado. O nódulo no umbigo tinha aumentado, comecei a perder sangue pelo umbigo durante 20 dias seguidos e o cheiro já era insuportável. Mantive o ginecologista a par da situação e em março telefonou-me para ir ter com ele à MAC para marcar uma consulta de fertilidade.

Tivemos a primeira consulta no dia 14 de abril. Depois de todas as perguntas feitas tanto a mim como ao meu marido, o médico diz: "O seu ginecologista disse-me que você sangra do umbigo quando está menstruada", ao qual respondo muito depressa: "Eu sangro durante 20 dias". O doutor pediu para ver, observou e pegou no telefone "Vem cá abaixo buscar um processo porque a menina não pode continuar assim". Senti-me perdida. Uma funcionária do hospital veio buscar o processo, acompanhou-me ao serviço de fertilidade, onde estava uma médica a minha espera. A doutora pegou no nódulo (comecei a chorar com tanta dor), disse que já estava muito grande e rijo e perguntou-me se eu trabalhava, respondi afirmativamente, então perguntou-me como conseguia trabalhar. Ficou chocada com a quantidade de medicação que tomava e disse-me que eu tinha que ser operada. Fez um relatório clínico para um outro hospital (que faz parceria com eles) para ser operada o quanto antes pela cirurgia plástica, porque eu não podia continuar assim nem mais um dia. Foi então que começou novamente o pesadelo.

Já tinham passado três semanas desde que o pedido tinha sido feito e ainda não tinha obtido qualquer resposta do hospital em questão. Então no dia 4 de maio de 2015 dirigi-me ao mesmo e a resposta que obtive é que o pedido tinha sido rejeitado por não morar na região (eu moro em Cascais e o hospital era em Lisboa) claro que a minha resposta não foi meiga e saí de lá superfrustrada.

Nesse mesmo dia, em conjunto com o marido e como tinha o tal relatório clínico escrito pela MAC, dirigi-me ao Hospital São Francisco Xavier e que fica mais perto da minha residência. Fui atendida por uma médica cinco estrelas, que conhecia de endometriose e que passou um pedido de consulta urgente para o Hospital de Santa Cruz. Logo consegui a consulta para o dia 12 de maio. Fiquei contente e superentusiasmada. O pesadelo poderia estar a chegar perto do fim.

Quando chego à consulta e explico tudo à médica a resposta foi: "Eu não a posso operar, tem que ser a ginecologia". Contei até 10 e disse-lhe: "Como não pode, se está aqui o relatório que tem que ser vocês, porque têm que reconstruir o umbigo e a ginecologia não o faz? Está a gozar comigo? E acho ainda mais triste a forma como o Sistema Nacional de Saúde funciona, acho triste descontar o que descontam e andar nisto há quase dois anos. Acho triste, se calhar ter que ir procurar uma solução no estrangeiro" (entretanto já estava lavada em lágrimas). Então a doutora pediu o meu número de telefone, disse que ia expor o meu problema aos colegas e que até o dia 16 de maio me dizia alguma coisa e assim foi. No dia combinado por ela recebi a ligação a dizer que seria operada no dia 23 de junho e se houvesse alguma alteração que me avisavam.

No dia 28 de maio recebo uma chamada do Hospital Egas Moniz a perguntar se eu estaria interessada em ser operada no dia 3 de junho. Depois de ter perguntado umas quantas vezes se estavam a falar a sério, disse que sim lavada em lágrimas e a tremer. No dia seguinte apresentei-me no hospital para fazer exames, ter a consulta de anestesia e saber a hora do internação.

Entrei no hospital no dia 2 de junho e fui operada no dia 3 de junho às 12h. A operação durou 1h45m, retiraram um nódulo de 2,5cm, e fizeram um umbigo novo :) Todas as semanas tinha que ir ao hospital fazer o penso e colocar uma compressa redonda no umbigo novo para que começasse a ganhar forma. Tive que usar cinta durante dois meses e não fazer qualquer tipo de esforço. A primeira vez que ganhei coragem e olhei para o umbigo novo não gostei e só me apeteceu chorar. Estava tão estranho. Mas com o passar do tempo lá me fui habituando e adorei o resultado final :) Quem o vê nem diz que é "falso" e que o trabalho ficou cinco estrelas.

Fez este mês, quatro meses que fui operada, mas continuo com muita dor (e não preciso estar com a menstruação), continuo sem conseguir fazer certos movimentos e quando me esforço um pouco mais o corpo dá logo sinal. Sinto que ainda não recuperei a qualidade de vida que a endometriose me fez perder.

Continuo a ser seguida na consulta de fertilidade da MAC, já estou a tomar um suplemento que ajuda na gravidez e não prejudica a endometriose. Já tenho a requisição para fazer uma histerossalpingografia (gosto mais de dizer que é o exame para ver as trompas de Falópio, é menos complicado). Assim que vier a menstruação este mês, vou logo ao hospital marcar o exame. Depois, consoante o resultado, logo veremos as soluções que o médico irá apresentar.

Neste caminho que já vai longo descobri a Mulherendo, o blog A Endometriose e Eu e Conversa de Endogirl :) Foi onde aprendi a conhecer melhor a doença e a saber lidar com a ela, onde muitas vezes encontro a compreensão :)

Olhando para trás, o único arrependimento que tenho, foi não ter procurado logo um ginecologista. Só tenho a agradecer à insistência do marido, à paciência da filha, à compreensão de certos membros da minha família e de amigos que se revelaram mais do que 10 estrelas e, claro, aos dois ginecologistas que seguem o meu caso.


Uma das frases que mais gosto e que quando estou mais para baixo se adequada perfeitamente na minha pessoa é: "The minute you think of giving up, think of the reason why you held on so long" Espero um dia recuperar a qualidade de vida... Beijinho carinhosos :) Laetitia"

terça-feira, 3 de novembro de 2015

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR HÉLIO SATO!!

Em mais uma “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato tira dúvidas das leitoras sobre a questão de ser tão comum entre endometriose e fibromialgia. Por que muitas endomulheres têm também fibromialgia? Existe alguma associação entre elas? A outra questão é a respeito da menopausa x endometriose. A manauara Silvana quer saber se é possível ter endometriose na menopausa. Mesmo sem menstrual, ela sente cólicas e dores nas pernas e na lombar. Cabe aqui destacar o texto do cientista americano David Redwine sobre se a menopausa cura a endometriose? Se você quiser que sua pergunta seja esclarecida na coluna, envie e-mail para carolinesalazar7@gmail.com o título “Com a palavra, o especialista”. Porém, vale ressaltar, que esta coluna é para dúvidas gerais sobre a doença e não aceitamos questões de casos específicos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


- Tenho endometriose, fibromialgia e síndrome da fadiga crônica. Vejo muitas portadoras que também têm fibro. Gostaria de saber se as duas doenças estão associadas e por quê? Carla Castro – Jundiaí – São Paulo
Doutor Hélio Sato: Sim! Existe uma associação entre a endometriose e a fibromialgia. Quanto à fibromialgia não está determinada sua causa, porém, sabe-se que está relacionada com a ansiedade crônica e alteração do sono. Dado que os desconfortos da endometriose podem remeter a ambos, a fibromialgia torna-se mais comum nas mulheres com endometriose. Deste modo, é muito importante ter um olhar atento na experiência específica e individual de vida e, por conseguinte o propósito terapêutico eficaz tem que abranger as particularidades, para assim, atingir ganhos na qualidade de vida, ou seja, não apenas tratar a doença, mas, sim os aspectos da vida da mulher.
- Entrei na menopausa aos 40 anos. Hoje, aos 44 anos, não menstruo, mas sinto cólicas, dores nas pernas, na lombar. Isso pode ser sinal de endometriose? Silvana do Carmo – Manaus – Amazonas
Doutor Hélio Sato: Muito provavelmente não. A endometriose, via de regra, demanda estímulo hormonal para se desenvolver e para se manter, dado que a menopausa caracteriza-se pela diminuição acentuada de produção hormonal, tornam-se pouco prováveis manifestações clínicas da endometriose em mulheres nesta fase da vida. Já a menopausa é complexa e pode afetar diversos pontos do corpo e da vida da mulher, cabe citar: Ondas de calor, osteoporose, dores articulares, insônia, queda de cabelo, melancolia, fragilidade da unha, diminuição da libido e outros. E, desta forma, se não houver contraindicações, sugiro fazer uma terapia hormonal, ainda mais, se a menopausa ocorreu abaixo de 45 anos.

Sobre o doutor Hélio Sato: 

Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição. 

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).