quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

VÍDEO OFICIAL DA ENDOMARCHA TIME BRASIL! FALTAM 50 DIAS! INSCREVA-SE E JUNTE-SE A NÓS!



Este é o nosso vídeo oficial da EndoMarcha Time Brasil 2016. Faltam 50 dias para a 3ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da EndometrioseNo próximo dia 19 de março, mais de 60 países sairão às ruas para conscientizar a população sobre esta terrível doença que acomete cerca de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo todo, mais de 6 milhões apenas no Brasil. Na EndoMarcha 2016 nove cidades, de oito estados brasileiros, farão parte deste movimento. Se você mora em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Londrina, Belo Horizonte, Campo Grande, Porto Alegre, Florianópolis e Recife venha marchar conosco.



Você já fez sua inscrição? Se sim, basta apenas uma única vez. Agora se você ainda não fez, faça-a gratuitamente aqui. Esta é mais uma oportunidade para unirmos força numa só voz para exigir que nossos direitos comecem a valer. Sim, "A saúde é direito de todos e dever do Estado". Como está escrito numa das faixas-protestos que usamos nas edições anteriores de 2014 e 2015, e que iremos usá-la novamente na 3ª edição da EndoMarcha - Time Brasil, todo cidadão brasileiro tem direito gratuitamente à saúde, mas cadê os nossos direitos? Independente de você ser portadora, de ser mulher, seja um cidadão do bem e venha marchar conosco para salvar vidas femininas que sofrem caladas. 


Compartilhe este vídeo e convide seus amigos e familiares a marcharem conosco no próximo dia 19 de março, o penúltimo sábado do mês internacional de conscientização da endometriose. Ajude-nos a salvar vidas femininas que estão caladas por conta da dor. Vamos acabar com nosso silêncio. Conto com todos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

OBS: Agradeço à jornalista Bianca Frari e à Thaiza, ambas da Agente da Mídia, e à Scarlet pela ideia, gravação e edição do vídeo. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

MATTHEW ROSSER: ENDOMETRIOS E ABORTO!

imagem cedida por Free Digital Photos

No artigo de hoje Matthew Rooser traz um tema que é muito discutido entre as portadoras de endometriose: o risco de aborto nas endomulheres. Sim, é verdade que as portadoras têm um risco aumentado de sofrer aborto espontâneo. É comprovado cientificamente que estamos num grupo que aumenta cerca de 30 a 35% em relação às não-portadoras no início da gravidez. Já para aquelas que seguiram em frente com a gestação, o risco cai para cerca de 17 a 20%. Porém, isso não significa que ter endometriose seja sinônimo de aborto. Vejo a preocupação latente das leitoras do blog e dos grupos de apoio em relação ao assunto. Estamos sim, num grupo de risco, mas não quer que toda portadora sofrerá com o aborto.

Toda mulher tem a chance de ter gravidez ectópica, ou seja, nas trompas. Para as não-portadoras esse número é de 1 a cada 100 mulheres, já para as portadoras esse número sobe para 3. Por que as portadoras tem chance maior de sofrer abortos? Apesar de ainda precisar de mais estudos para comprovar tal questão, pesquisadores da Dinamarca e o próprio cientista inglês Matthew Rooser descobriram mudanças nas células imunológicas do endométrio das portadoras, o que resulta em fraca aderência do embrião no endométrio. É função do endométrio fixar o embrião no útero. Beijo carinhoso! Caroline Salazar


Por Matthew Rosser

Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar


Ultimamente tenho escutado muita coisa nas notícias sobre endometriose e aborto. Acompanho relatos de vários sites, os quais não indico aqui porque notei que a maioria está repleta de erros, sendo que o melhor resumo está aqui no site endometriosis.org. Não vou repetir muito que já foi escrito sobre pesquisa, mas irei tentar adicionar alguns pontos que considero interessantes. Em primeiro lugar, a endometriose e o aborto (ou qualquer complicação da gravidez, na verdade) são problemas sérios, e se prestarmos mais atenção a um dos assuntos que aos outros, os restantes acabam por ser alvo de atenção também.

Pelo fato de algumas portadoras lutarem para ficarem grávidas, é muito importante que tanto os pais como os profissionais de saúde conheçam as melhores formas de cuidarem das portadoras grávidas se elas constituírem um grupo de risco elevado.

Retirando rapidamente várias descobertas de estudos; um grupo avaliando os registros médicos de 5.375 não-portadoras entre 1981 e 2010, a partir de uma base de dados de todos os hospitais públicos na Escócia, descobriu que as portadoras possuem um risco acrescido de 76% de abortar. É aqui que eu quero fazer o primeiro reparo. Dificilmente algum desses relatórios nos sites deixa claro o que na realidade significam esses 76%, aumento do quê? Acontece que abortos são bem mais comuns do que eu achava, e a maioria ocorre durante os estágios iniciais da gravidez. Eles podem, inclusive, acontecer antes sequer que a mulher saiba que está grávida. Das mulheres que conseguem evoluir na gravidez, dependendo de quem é inquirido, o risco de aborto é em torno de 1 em 6 e 1 em cada 5, o que dá entre 17 e 20%. Então, o que isso faz com o acréscimo de 76% nas portadoras, o que isso significa na realidade?

Significa que o risco de aborto nas portadoras sobe para 30-35%. Para quem quiser olhar a matemática (estou certo que querem), o cálculo fica assim:





Também foi notório um aumento no risco de gravidez ectópica nas portadoras, um aumento de 2,7 vezes para ser preciso. A taxa de gravidez ectópica é muito menor que a de aborto, cerca de 1 em cada 100. Para portadoras o risco é elevado para 3 em cada 100, um aumento pequeno mas ainda assim importante.

Esse não é o único estudo sobre adversidades da gravidez a apresentar conclusões semelhantes. Um estudo publicado em 2014 feito na Dinamarca analisou os registros de 24.667 portadoras comparadas com 98.668 não-portadoras entre 1997 e 2009.

Esse estudo concluiu que o risco de portadoras aumentava para 24%, ou cerca de 1 em 4. Esse estudo também levantou uma questão interessante sobre adversidades da gravidez e o método de concepção. Por conta da subfertilidade (menor do que o normal) experimentada pelas portadoras, elas são mais prováveis de buscar tratamento de Reprodução Assistida (TRA), como a Fertilização In Vitro (FIV). Um estudo que revisou toda a pesquisa atual sobre esse tópico foi publicado em janeiro deste ano, e concluiu que para portadoras de grau I e II fazendo TRA as taxas de aborto eram semelhantes às das não-portadoras. Para as portadoras existe uma taxa de bebês nascidos vivos menor.

Uma análise mais aprofundada é necessária sobre esses dados para conseguir extrair alguma informação clinicamente relevante. Por exemplo, como já vimos, podem existir resultados diferentes de gravidez para mulheres com graus distintos de endometriose. Outra questão a clarificar seria se as aplicações de terapias hormonais específicas anteriores à concepção tiveram influência nos resultados obtidos.

Ao que parece então, as evidências disponíveis sugerem certamente que a endometriose está associada com o aumento de adversidades nos resultados da gravidez. Essa informação é muito necessária nas mãos de obstetras e parteiras, que podem monitorar cuidadosamente as portadoras grávidas e reagir rapidamente a quaisquer sinais de alerta que possam implicar perigo para a vida da portadora ou a do bebê.

Uma questão importante que se mantém é, porque razão as portadoras possuem esse risco aumentado? Não é suficiente simplesmente prestar mais atenção às portadoras, precisamos saber o que causa o problema e como corrigi-lo.

Vários estudos, incluindo a minha própria pesquisa, concluíram que o endométrio da portadora é diferente do da não-portadora em vários aspectos.

Sendo que o endométrio é o ponto de contato com o embrião em desenvolvimento, e a sua receptividade essencialmente define o destino do embrião, precisamos ter mais investigação sobre as alterações endometriais.

Alguns desses estudos verificaram mudanças nas células imunológicas do endométrio das portadoras, o que pode resultar em uma fraca aderência do embrião ao endométrio. Isso pode conduzir a uma redução na viabilidade do feto em desenvolvimento e um risco acrescido de aborto.

Sem dúvida precisamos de mais estudos para descobrir como o endométrio das portadoras difere do das não-portadoras, como essas diferenças afetam a função do endométrio e como podem ser corrigidas.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

PODEMOS VER O VÍDEO DA NOSSA VIDEOLAPAROSCOPIA?

imagem cedida por Free Digital Photos



Por Caroline Salazar
Edição: doutor Alysson Zanatta

Recebo diariamente inúmeros e-mails, mas outro dia fui surpreendida com dois com o título acima. Ambas leitoras tinham feito a vídeolaparoscopia e uma queria saber se poderia pedir o vídeo ao médico no retorno pós-cirúrgico e a outra perguntou se o médico costuma oferecer ou pelo menos mostrar o vídeo da cirurgia de vídeolaparoscopia.

Vamos lá, em primeiro lugar, tanto a laparoscopia quanto a vídeolaparoscopia são cirurgias minimamente invasivas e ambas têm a recuperação mais rápida que a laparotomia (cirurgia aberta, com corte), bem como a estética também é levada em conta já que não há corte. Ambas as técnicas consistem na introdução de uma óptica no umbigo do paciente, de 0,5mm a 1 mm, e outros dois orifícios ou mais na parte abdominal ou pélvica, dependendo do objetivo da cirurgia. Na laparoscopia o médico olha diretamente os órgãos por meio do aparelho. Já na vídeolaparoscopia um complexo sistema de captação de imagens é utilizado. Uma micro câmera é conectada a óptica da incisão do umbigo e ao monitor e o médico opera olhando para este monitor. Nos dias de hoje, a laparoscopia é raramente utilizada, sendo substituída em grande parte pela vídeolaparoscopia. 

A laparoscopia surgiu antes e com o agregamento do vídeo a técnica passou a ser chamada de vídeolaparoscopia. Com isso já dá para entender que a vídeolaparoscopia pode ser gravada num CD ou DVD pelo cirurgião e pelo hospital. 

Não há regulamentação médica específica que obrigue o médico e ou o hospital a gravarem todas as cirurgias. Isso possivelmente deverá mudar em algum momento, passando a ser obrigatório. Na prática, o que ocorre é que nem todos os hospitais dispõem de equipamentos de vídeolaparoscopia com sistema de gravação, o que se traduz, infelizmente, pela não gravação de algumas cirurgias. Em muitas situações, o próprio médico compra os equipamentos de gravação, para suprir essa falta. 

Porém, na vídeolaparoscopia é possível que o médico faça fotos da cirurgia para mostrar posteriormente ao paciente como foi realizado o procedimento. Eu vejo muito isso em grupos de endometriose no exterior, principalmente, quando há médicos experientes no grupo e a paciente quer uma opinião desses profissionais. Ela coloca a foto lá e os médicos avaliam seu pós-cirúrgico. Já na vídeo o médico entrega o CD ou DVD gravado logo após a cirurgia ou quando a paciente receber alta. É possível fazer a videolaparoscopia e ainda uma laparotomia para retirada de algum órgão maior, como o intestino, mas mesmo assim o cirurgião tem de entregar o vídeo com a cirurgia, caso tenha sido gravada. 

Se você fez a cirurgia de vídeolaparoscopia e não recebeu seu vídeo, pergunte se a sua cirurgia foi gravada. Caso não tenha sido, pergunte o motivo ao seu médico, pois é seu direito. Não precisa ter receio de pedir ao médico para ver o vídeo, você tem de ter ele em mãos, pois ele poderá ser usado num futuro, seja numa outra cirurgia ou até mesmo para outros fins. Eu mesma já quis ver os meus vídeos e fui orientada pelo meu médico e cirurgião para ver meu mioma gigante que ele retirou na minha segunda vídeolaparoscopia. Beijo carinhoso!! 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

RECEBA AS POSTAGENS DO BLOG NO SEU EMAIL!


Agora você pode receber os artigos do A Endometriose e Eu diretamente no seu email. É rápido e prático. É só você deixar seu email na caixa escrita "email address", que está do lado esquerdo da página, bem acima da "Loja online", e clicar em "submit". Pronto! Você passará a receber todas as postagens do blog no seu email. Cadastre seu email agora mesmo! Beijo carinhoso!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CAMPANHA ENDOMARCHA 2016! FAÇA SEU CARTAZ E JUNTE-SE A NÓS!


A dois meses da 3ª edição da EndoMarcha lançamos a campanha "Vamos acabar com nosso silêncio"!  Assista ao vídeo e veja como você será a estrela da nossa campanha. E você será a nossa estrela. Vamos juntas acabar com nosso silêncio. Faça seu cartaz e poste nas redes sociais com as hastags: #endomarcha2016 #endomarchatimebrasil #19demarço #aendoeeu


 O making of do vídeo
Vamos viralizar essa campanha para atingir o maior número de pessoas possíveis. Ah, você é marido, então, escreva no seu cartaz: "Vamos acabar com o silêncio da minha esposa", namorado: "Vamos acabar com o silêncio da minha namorada", você quer ajudar sua amiga portadora de endometriose: "Vamos acabar com o silêncio da minha amiga", aos médicos "Vamos acabar com o silêncio das minha pacientes" e use as mesmas hastgs. Vamos tornar nossa campanha viral e chamar atenção do maior número de pessoas, com o objetivo de participar da EndoMarcha 2016 no próximo dia 19 de março. Compartilhe nosso vídeo. Se você ainda não fez sua inscrição gratuita, clique aqui e inscreva-se já e ajude a salvar vidas femininas.  

Se você mora em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Londrina, Belo Horizonte, Campo Grande, Porto Alegre, Florianópolis e Recife venha marchar conosco. Quem já se cadastrou para as de 2014 e de 2015 NÃO precisa fazer novo cadastro, pois a planilha é a mesma. Já estamos na contagem regressiva! Faltam apenas 60 dias para o nosso grande dia! Aproveite e se inscreva no nosso canal no Youtube. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"A VIDA DE UM ENDOMARIDO": "A ENDOMETRIOSE DE MINHA ESPOSA E NOSSA LUTA PARA TER NOSSOS GÊMEOS"!



Faby e Igor Cayres com os gêmeos Mariana e Gabriel - Foto: divulgação

Começamos 2016 com mais uma ideia  em "A Vida de um EndoMarido". Que tal os maridos também contarem a história de suas esposas com a endometriose, com a infertilidade? Passaremos a ter endomaridos convidados na coluna para falar como é viver com suas endomulheres. Como é ter alguém ao nosso lado que sente dor o tempo todo? Como é conviver com a infertilidade e a incerteza de ser pai? O estreante desta nova linha da coluna - que continua com o nosso querido Alexandre, nosso endomarido português como titular - é Igor Cayres casado com a querida Fabiana, a Faby. A história deles é longa e emocionante, mas Igor soube muito bem resumi-la. 

Achei muito bacana as dicas do Igor de como os companheiros podem ajudar suas mulheres a conviver e a passar pela infertilidade e ainda fortalecer o vínculo entre o casal. Vou convidar a Faby para contar detalhadamente sua história aqui. Mais um testemunho que vai levar muita fé e esperança a milhares de mulheres que sofrem com a endo. Por mais doloroso que seja o caminho percorrido, não desistam de seus sonhos. Se você, companheiro de uma endomulher, quiser ter a história de sua companheira no A Endometriose e Eu envie para o email carolinesalazar7@gmail.com com o título "A endometriose de minha esposa". Beijo carinhoso! Caroline Salazar



“Posso afirmar que se há algo que a maioria dos homens não entende, é sobre o tema “menstruação” e se perguntarem a respeito de “endometriose”, as respostas seriam ainda mais vagas! Comigo não seria diferente alguns anos atrás... Mas hoje, falar de endometriose para mim é relembrar momentos marcantes da minha vida. O ano era 2011, mês de agosto, estava em Salvador, BA, quando, enfim, a minha esposa cruzou pelo meu caminho como um “passe de mágica”, confesso que não mais acreditava na realização do meu maior sonho, encontrar a minha “alma gêmea” e, por ironia do destino, essa palavra (gêmeos) iria me acompanhar para o resto da minha vida, e me trazer muitas alegrias!

Após meses de conversa (namoro, risos!) e algumas vindas para São Paulo, em março de 2012 eu me transferi para a capital paulista. Sim, me mudei de cidade porque tinha a certeza que tinha encontrado aquela que iria amar por um tempo não menor do que a “eternidade”. Tudo ia bem, mas algo me deixava com a “pulga” atrás da orelha! Minha noiva sentia dores intensas a cada ciclo menstrual, os remédios não faziam mais efeito. Até que um dia, algumas semanas antes do nosso casamento - celebrado em 21 de agosto de 2012, que dia! Inesquecível! - recebo uma ligação do seu trabalho. "Senhor Igor, a Fabiana (minha noiva) desmaiou aqui, e foi levada de urgência para o hospital”. Me desesperei, o que seria? Meu Deus, a mãe dela tinha falecido de câncer (!) e eu já pensava no pior. 


Chegando ao hospital, a vi convalescente, mas bem, a dor estava passando por meio de medicação intravenosa, mas como sou muito 'questionador', não aceitei a justificativa do médico plantonista que seria algo normal. Foi, então, que argumentei “Doutor não é possível uma pessoa sentir tanta dor ao menstruar, isso não é normal! Pelo seu conhecimento, existe alguma doença ‘rara’, pouco conhecida, que justifique esse desmaio?” BINGO! O médico disse: ”Ah! Pode ser endometriose”. No mesmo momento, ali mesmo no hospital, fiz uma pesquisa no meu celular, e não tive dúvidas, minha noiva era portadora de endometriose. A partir daí não medi esforços para iniciar o tratamento dela (vídeolaparoscopia e quatro fertilizações in vitro foram necessárias ao longo de dois anos de tratamento), e como não estávamos preparados financeiramente para arcar com tantas despesas, resolvemos processar nosso plano de saúde, e ganhamos a ação para custeio do nosso tratamento. Hoje somos pais dos gêmeos Gabriel e Mariana, e que completam 10 meses de vida em janeiro de 2016! 

E o que um marido pode fazer para ajudar a sua esposa superar a infertilidade e passar, da melhor forma, sob o estresse desse tipo de tratamento?

1. Ser um ouvinte. Deixe-a saber que você está disponível para ela. Enquanto estiver ouvindo, tente manter uma mente aberta e seja companheiro. Lembre-a de que você a ama não importa o que aconteça!

2. Ser sensível. Não tente fingir que tudo está as “mil maravilhas”, ou é algo simples de resolver, não é! Não podemos banalizar os sentimentos dela.

3. Ser extremamente paciente. O tratamento da infertilidade é um processo que toma tempo. Não há garantias, nenhuma resposta certa, e nenhuma escolha rápida. Precisamos ter paciência com seus sentimentos e não minimizá-los.

4. Manter-se informado para que quanto mais informação você tiver, mais decisões sábias você tomará.

5. Jamais esquecer que são um casal, e fazer as coisas como um casal, como sair, passear, viajar, ajuda a sentir que existem outras coisas na vida além da infertilidade.

Hoje ainda quando me lembro de tanta dor, dúvidas e sofrimento que passamos, minha voz até “embarga”, mas só tenho a agradecer todos os profissionais que fizeram parte da nossa luta e dizer que sou o pai mais feliz do mundo por ter os meus filhos aqui comigo! Abraço, Igor Cayres”


Se quiserem acompanhar a história deles no Instagram, sigam @papaipig e
@faby_mamaedegemeos

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR HÉLIO SATO!!

Em "Com a Palavra, o Especialista", o doutor Hélio Sato fala do sangramento durante a relação sexual e também sobre o endometrioma. Como é feito o tratamento? É preciso ou não retirá-los? Para quem quer saber mais sobre endometriomas, leia o incrível texto "O verdadeiro significado do endometrioma de ovário", um texto completo sobre o assunto. Lembrando que há alguns tipos de cistos de ovários e o endometrioma é o chamado "cisto de chocolate". É normal ter sangramentos durante o sexo? Beijo carinhoso! Caroline Salazar


- Tenho muito sangramento durante o ato sexual e depois ele diminui, mas continua normalmente e percebo sempre que vou urinar. Isso é normal em mulheres com endometriose?? Anônima 

Doutor Hélio Sato: O escape sanguíneo não necessariamente se relaciona com a endometriose. Por outro lado, é muito comum em pacientes que utilizam anticoncepcionais hormonais. No entanto, não foi informado na pergunta, mas, mesmo que você esteja em uso de algum anticoncepcional hormonal, sugiro procurar o ginecologista para melhor entender esta situação.

- Em março fui diagnosticada com endometriose profunda, estou com três endometriomas no ovário esquerdo e um no direito. Vou fazer uma cirurgia no intestino, mas a princípio não irão mexer nos ovários. Mas estou preocupada, se o tratamento dos endometriomas não for cirúrgico qual outro? Patrícia - Santos - São Paulo

Doutor Hélio Sato: Habitualmente, quando há endometrioma o tratamento deve ser a retirada deles pela laparoscopia. Algumas exceções podem ser consideradas, dentre elas, a mais frequente é se a reserva de óvulos for baixa, e assim, para se evitar uma perda mais significativa da reserva poder-se-á evitar abordar os ovários. 

Sobre o doutor Hélio Sato: 

Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição. 

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato). 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

ESTAMOS NO SNAPCHAT: A ENDO E EU. SEGUE O BLOG LÁ!



O A Endometriose e Eu está no Snapchat: aendoeeu! Sim, mais uma rede social, desta vez, de vídeos. Bom, ainda não comecei a mexer, mas vou começar a aprender nos próximos dias. Vou mostrar o dia a dia do meu trabalho no blog. Os vídeos ficam disponíveis por 24h a partir do momento da gravação. Por conta da minha bebê, eu não trabalho mais 20 horas por dia! Hoje aprendi a otimizar bem o meu tempo, a ser mais ágil, pois continuo fazendo um trabalho de qualidade e em menos horas trabalhada. Voltei a trabalhar mais à noite e vou até de madrugada mais ou menos às 2h da manhã. 

Confesso que fiquei muito em dúvida se aderia ou não ao Snap (como é conhecida esta rede social). Sigo alguns de maternidade, onde elas contam suas vidas, o que fazem o dia todo. Confesso que isso não é a minha praia, mas um grande amigo me deu a ideia: por que você não mostra você trabalhando? Bingo! Era a ideia que eu precisava. Não sei se nesse começo vou fazer muitos e muitos minutos, até porque ainda preciso aprender, mas o importante é começar, vou aprender e logo mais teremos a EndoMarcha 2016 e lá com certeza irei fazer muitos Snaps. Clique aqui e faça seu cadastro gratuito. Segue o blog lá: aendoeeu. Beijo carinhoso!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

BELO HORIZONTE TAMBÉM RECEBERÁ A ENDOMARCHA 2016!

 Montagem de uma das faixas que usamos na EndoMarcha de São Paulo + logo  




Além de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegra (RS), Campo Grande (MS), Recife (PE), Florianópolis (SC), Londrina e Curitiba (PR), a cidade de Belo Horizonte também estará na 3ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose.Esta é a última cidade inscrita na EndoMarcha 2016. No dia 19 de março teremos a EndoMarcha Time Brasil 2016 em duas nove cidades, em oito estados diferentes. 

Atenção: para se inscreverem gratuitamente clique aqui e faça seu cadastro. Em meados de janeiro começo a enviar os voluntários às coordenadoras para que elas entrem em contato informando local e horário de concentração e o trajeto da caminhada. A data da marcha em todo o mundo é dia 19 de março, o terceiro sábado do Mês Internacional de Conscientização da Endometriose. Quem já se cadastrou para as de 2014 e de 2015 NÃO precisa fazer novo cadastro, pois a planilha é a mesma.

As inscrições dos estados já se encerraram no dia 15 de dezembro, mas as dos voluntários, ou seja, para quem quiser participar da caminhada conosco ainda dá tempo de se inscrever. Estou muito feliz com as muitas cidades que participarão da EndoMarcha Time Brasil 2016. É isso aí, a união faz a força e juntas somos mais fortes. Em quase 6 anos de A Endometriose e Eu, que completaremos em abril, esse é um grande presente que recebo. Beijo carinhoso!

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

PUBLIEDITORIAL: CHEGOU O ALURAX, O DIENOGESTE QUE VOCÊ CONHECE 55% MAIS BARATO QUE O ORIGINAL!


Por Caroline Salazar

Um ano após a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizar a fabricação do dienogeste por outros laboratórios, chega ao mercado brasileiro na primeira semana de fevereiro o Alurax®, o medicamento que combate às dores da endometriose produzido pela Momenta Farmacêutica.  Com a mesma composição do Allurene® - 2mg de dienogeste -, o Alurax é 55% mais barato que o original, um remédio tão acessível quanto o genérico, mas com a segurança e a credibilidade de um produto de marca e com a chancela Momenta

A Momenta é um laboratório do grupo Eurofarma totalmente brasileiro e tem como missão "promover o acesso à saúde e à qualidade de vida com tratamentos a preço justo”. Com cerca de três anos de atuação, a Momenta já é reconhecida pela comunidade médica, pelos farmacêuticos, farmacistas e tem a mesma confiabilidade do laboratório-mãe.

O Alurax começa a ser vendido no próximo mês em todo território nacional ao preço de 120 reais podendo chegar a 100 reais em algumas farmácias. Faz tempo que as portadoras de endometriose esperam por esta novidade. Muitas endomulheres ficavam com o orçamento apertado ou paravam por conta própria o tratamento com dienogeste pelo fato de o medicamento ser considerado caro devido ao alto valor dos 28 comprimidos. Ah! Finalmente um laboratório entendeu que não vivemos em fevereiro o ano inteiro, Alurax chega ao mercado com embalagens contendo 30 comprimidos.

Agora você não precisa mais apertar seu orçamento mensal, deixar de comprar suas coisas, de ter seu lazer para se tratar. Com o Alurax você vai manter seu tratamento em dia com um valor acessível ao seu bolso. Experimente Alurax!

Converse com seu médico sobre ele! Vale lembrar que este remédio só deve ser prescrito pelo seu médico especialista em endometriose. É proibido o uso por conta própria. 


domingo, 3 de janeiro de 2016

DAVID REDWINE: MULLERIOSE - A MELHOR TEORIA PARA A ORIGEM DA ENDOMETRIOSE!

No texto de hoje, o cientista americano doutor David Redwine fala, mais uma vez, sobre a teoria que para ele melhor explica a origem da endometriose. É um artigo muito interessante onde ele questiona a real origem da endometriose e nos apresenta dados reais de que podemos, sim, ter endometriose desde o nascimento. Aqui Redwine também fala da questão da infertilidade, grupo o qual menos de um terço das endomulheres estão inseridas. Portanto, esse não é o sintoma mais frequente, e sim, a dor severa, mas mesmo assim ainda é o que mais preocupa as mulheres, principalmente, as mais jovens. Vale ressaltar que se bem excisada e tratada e sendo acompanhada por um bom especialista a infertilidade poderá se tornar algo secundário. Cada caso é um caso, não podemos comparar com aquela que tem endo profunda em vários órgãos, dentre eles, nas trompas e nos ovários (endometriomas). Outro ponto forte é o fato de que a gestação não é um tratamento para a doença. Por isso sempre bato na tecla do fato de a endomulher ser muito bem acompanhada por um especialista que realmente entenda sobre a doença. Leia o texto com atenção. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por doutor David Redwine
Tradução: doutor Alysson Zanatta
Edição: Caroline Salazar

Mülleriose: a melhor teoria para a origem da endometriose 

A histogênese da endometriose permanece controversa. Acredita-se que nenhuma teoria possa explicar todos os casos de endometriose. Devido aos novos conhecimentos, devemos constantemente questionar as crenças tradicionais. Estudos modernos e a reinterpretação de evidências históricas levam inevitavelmente a um modelo único para explicar a origem da endometriose, que é uma extensão da teoria dos restos embrionários. A esse modelo, sugere-se o termo Mülleriose, já que o termo endometriose é muito limitante. Esse modelo para a doença propõe a sua própria comprovação.

Introdução:

As discussões sobre a origem da endometriose são mais que meras discussões acadêmicas, pois, se sua origem fosse conhecida, poderíamos desenvolver um tratamento racional para a doença. Entretanto, as discussões na literatura mudaram muito pouco nos últimos 60 anos, os proponentes das várias teorias sobre a origem da doença apresentando e reapresentando evidências circunstanciais para embasarem seus vícios de observação.

Técnicas modernas de estudo, como a laparoscopia de contato [2], o mapeamento pélvico [3], as biópsias peritoneais múltiplas[1, 2, 3], e astutas observações clínicas [4] originaram novas informações clínicas e básicas sobre a doença, que até então não eram conhecidas pelos antigos cientistas.

Está claro agora que muitas das manifestações visuais caracterizadas pela cor [2,3] e tamanho [5] das lesões são tão sutis que elas foram sub-diagnosticadas, sem dúvida, tanto no passado como no presente. Isso porque muitos dos antigos trabalhos falam das lesões “negras” ou “em pólvora”, ou de outras manifestações escuras resultantes de hemorragia adjacente às glândulas e estroma endometrióticos. Sabemos agora que as lesões escuras constituem apenas um terço das lesões de endometriose [2] e que lesões tão pequenas quanto 100 μm já foram detectadas. Quando se considera todo o espectro de manifestações da doença, fica claro que a dor é o sintoma mais comum, e que a infertilidade está presente em menos de um terço das pacientes.

...a dor é o sintoma mais comum e ... a infertilidade está presente em menos de um terço das pacientes...

Devido a estas observações, é provável que o entendimento convencional sobre a origem da endometriose seja influenciado por um viés de seleção significativo em dois níveis: seleção de pacientes baseada em um perfil clínico inadequado, e falha na identificação da doença durante a cirurgia.

...o entendimento convencional sobre a origem da endometriose é influenciado por um viés de seleção significativo em dois níveis: seleção de pacientes baseada em um perfil clínico inadequado, e falha na identificação da doença durante a cirurgia...

Na verdade, a endometriose é uma doença predominantemente de mulheres férteis em qualquer idade, que sofrem principalmente de uma dor pélvica não menstrual causada mais comumente por lesões não negras que são facilmente despercebidas, e que não se espalham pela pelve com o passar dos anos. A infertilidade e a dismenorreia são sintomas menos comuns, e que frequentemente não são causados pela endometriose. Há frequentes alterações anatômicas e fisiológicas, mas que não necessariamente resultam da endometriose.

Já que sua origem permanece desconhecida, cada médico que trata pacientes com endometriose é obrigado a considerar o seu próprio modelo de doença para escolher o tratamento. Há muitos tratamentos porque existem muitas teorias para sua origem. Seria imensamente satisfatório se uma única teoria pudesse explicar tudo o que sabemos sobre a doença.

...a endometriose é uma doença predominantemente de mulheres férteis em qualquer idade, que sofrem principalmente de uma dor pélvica não menstrual causada mais comumente por lesões não negras que são facilmente despercebidas, e que não se espalham pela pelve com o passar dos anos. A infertilidade e a dismenorreia são sintomas menos comuns e que frequentemente não são causados pela endometriose.

Mülleriose, o meu melhor modelo para a origem da endometriose, refere-se a um defeito na diferenciação ou migração de qualquer componente celular do sistema de ductos de Müller (nota do tradutor: ductos a partir dos quais se origina todo o trato genital feminino interno, incluindo trompas, útero, e porção superior da vagina), quer seja endometrial, miometrial, tubáreo ou cervical, ou do substrato epitelial celômico do peritônio adulto, do qual originam-se ambos os ductos Müllerianos e o peritônio. O conceito de Mülleriose é uma visão ampliada da teoria dos restos embrionários proposta por Russell [6] e outros. Ela é diferente da teoria da Müllerianose de Sampson, um termo que se refere apenas a elementos endometriais ectópicos que ele considerou, e então descartou [7].

A natureza típica da endometriose de não se espalhar [1] e a sua baixa recorrência após a cirurgia conservadora [8,9,10,11,12] seriam uma consequência natural de um defeito de desenvolvimento presente ao nascimento. Como as vias de diferenciação e migração dos ductos de Müller é caudal em direção ao epitélio celômico dorsal [13,14], não causa surpresa o fato de que as lesões sejam mais comuns na pelve posterior, particularmente o fundo de saco e os ligamentos útero-sacros [15]. Uma vez que seja proposto um defeito na diferenciação ou migração, pode-se explicar a ocorrência da doença em qualquer parte do corpo [15, 16, 17, 18, 19, 20]. A ocorrência no tórax ou braço pode ser explicada pelo fato de que as cristas genitais, das quais se originam os ductos de Müller, estão localizadas bem altas, próxima ao tórax e dos cotos dos braços embrionários [21, 22].

A endometriose na bexiga [23] e próstata [24] do homem é explicada pela desdiferenciação incompleta dos ductos müllerianos durante a vida embrionária. A ocorrência concomitante com outros defeitos estruturais Müllerianos, como a atresia cervical [25], a síndrome do dietilbestrol [26, 27] (nota do tradutor: malformações do trato genital interno causadas pela medicação dietilbestrol, bastante usada no passado), e a síndrome de Rokitansky-Kuster-Hauser [28] (nota do tradutor: ausência congênita do útero e da porção superior da vagina) representa possivelmente uma relação ontológica: o que quer que tenha causado um defeito mesenquimal durante o período embrionário, também causou a migração aberrante das células endometriais, levando à endometriose. O ditado que “a endometriose não se desenvolve na ausência de endométrio” não é uma verdade absoluta [28, 29], e não exclui uma relação ontológica do endométrio com a endometriose.

...o ditado que “a endometriose não se desenvolve na ausência de endométrio” não é uma verdade absoluta [28, 29], e não exclui uma relação ontológica do endométrio com a endometriose...

A associação positiva com as falhas peritoneais [4, 19, 20, 30] possivelmente representa outra relação ontológica, um defeito simultâneo na formação do peritônio pélvico associado a uma migração ou diferenciação aberrante do tecido que se tornará endométrio.

A ocorrência de outros tecidos Müllerianos ectópicos, como cervical, miometrial ou tubário (Figura 1) [31] simplesmente significa que qualquer componente celular Mülleriano está sob risco de diferenciação ou migração aberrante. O tecido que se tornará endométrio (a endometriose) é de longe o mais comum, e o que causa mais sintomas.


Figura 1. Estruturas semelhantes a fímbrias tubárias removidas do ligamento útero-sacro esquerdo

Os vários graus de diferenciação histológica que ocorrem nas lesões e entre elas (Figuras 2 e 3) podem resultar da maturação incompleta durante a embriogênese, ou dos vários (e baixos) níveis de receptores de estrogênio e progesterona presentes nas lesões [32, 22, 34]; eles podem resultar por si só de uma maturação incompleta. Um diagnóstico histológico de “resto glandular mesotelial” pode representar ou uma glândula endometrial seccionada longe do estroma, ou uma forma tênue de endometriose.

Figura 2. Alguns elementos glandulares e estromais são mais diferenciados que outros na observação microscópica

Figura 3. Na endometriose, é possível observar uma variação intralesional na diferenciação. As glândulas e estromas bem diferenciados (esquerda) estão em claro contraste com a aparência esparsa em outra parte da mesma glândula (direita). A área negra no canto inferior representa uma dobra de tecido criada durante o preparo da lâmina. Se o corte tivesse sido realizado apenas sobre o material à direita, não haveria o diagnóstico de endometriose. O diagnóstico poderia ter sido de cisto de inclusão mesotelial
Muitas pesquisas relataram mulheres com endometriose que tiveram filhos, enfraquecendo, portanto a associação entre endometriose e infertilidade (1, 4, 35, 36, 37, 38, 39, 40); não há nenhuma evidência de qualquer efeito benéfico da gravidez sobre a endometriose [41, 42, 43]. Como a endometriose nem sempre é a causa inequívoca da infertilidade, uma explicação alternativa para a infertilidade poderia ser a ocorrência de defeitos estruturais sutis das trompas uterinas durante o período embrionário, que levariam à disfunção tubária ou outras alterações em qualquer lugar da pelve ao nível molecular. Seriam as alterações ovulatórias [44, 45, 46, 47] identificadas nas mulheres com endometriose secundárias à doença, ou poderiam ser uma manifestação de um defeito primário durante a embriogênese? O mesmo questionamento se aplica às alterações imunológicas recentemente observadas no sistema imunológico dessas pacientes [48, 49]. Defeitos tubários como fímbrias acessórias e hidátides são vistas mais comumente em mulheres com endometriose, e podem até mesmo ter uma relação positiva com o lado em que ocorre a doença na pelve.

Os fatos e especulações citados acima enfraquecem vários pilares da teoria de Sampson. Não há provas para a hipótese de que as raras obstruções do fluxo menstrual, como a estenose cervical, predispõem à endometriose pelo aumento do fluxo retrógrado. Além disso, esta hipótese é menos provável do que aquela de que, ambas as obstrução do fluxo menstrual e endometriose, tenham na verdade uma causa em comum durante o desenvolvimento. Não pode mais se dizer que os ovários sejam os locais mais comuns de endometriose porque eles estão mais próximos ao local de refluxo da menstruação. O efeito da gravidade não é mais a explicação mais plausível para a ocorrência da doença na profundidade da pelve. São falsos os conceitos interligados de que a doença inevitavelmente se espalha pela pelve, e que os índices de recorrência após a cirurgia são altos. É errada a noção de que a gravidez protege contra a doença, e ninguém jamais provou que a endometriose tenha um efeito tóxico sobre a gestação. A ideia de que a endometriose se espalha e se implanta na pelve nunca foi provada microscopicamente, e é difícil de acreditar nisso, pois ninguém jamais definiu as lesões de endometriose em camadas, semelhantes àquelas do endométrio. Além disso, as lesões de endometriose não respondem como o endométrio nativo por causa da baixa e variável população de receptores hormonais.

...não há provas para a hipótese de que as raras obstruções do fluxo menstrual, como a estenose cervical, predispõem à endometriose pelo aumento do fluxo retrógrado. Além disso, esta hipótese é menos provável do que aquela de que ambos obstrução do fluxo menstrual e endometriose tenham na verdade uma causa em comum durante o desenvolvimento...


Em adição a esses argumentos contrários à teoria da menstruação retrógrada de Sampson, há um fato que fala ainda mais alto contra ela: ninguém jamais demonstrou provas microscópicas convincentes da adesão e implantação peritoneal da endometriose. Considerando as milhões de pacientes que foram diagnosticadas com a doença, e as milhões de biópsias que foram realizadas, alguém certamente teria encontrado “a lâmina de ouro” demonstrando esse suposto e mais comum modo de origem. Na verdade, o estudo microscópico das pápulas claras, que estão entre as manifestações mais precoces da doença [2], não demonstrou nenhuma evidência de que estas células tivessem se aderido recentemente (Figura 4). Estudos recentes [50, 51] que demonstraram líquido peritoneal sanguinolento durante a menstruação não comprovaram nem a menstruação retrógrada e nem a implantação de endométrio viável, e as pacientes com endometriose não têm um refluxo preferencial de endométrio [52, 53]. Como a teoria de Sampson evoluiu baseada apenas em evidências circunstanciais, a ausência de provas deve ser entendida como uma forte evidência contra ela.

Figura 4. Fotomicrografia de baixa potência de uma pápula clara de endometriose na superfície peritoneal. Não há nada que possa sugerir uma implantação recente ou antiga

Se a endometriose for vista como uma alteração de desenvolvimento que está ontologicamente relacionada a outros defeitos anatômicos e fisiológicos, segue-se então que poderíamos ter evidências para comprovar essa hipótese se examinássemos o peritônio pélvico antes da puberdade (nota do tradutor: período da adolescência onde há desenvolvimento de caracteres sexuais secundário, e no qual está incluído a menarca, ou primeira menstruação).

...considerando as milhões de pacientes que foram diagnosticadas com a doença e as milhões de biópsias que foram realizadas, não é de se esperar que alguém tivesse encontrado “a lâmina de ouro”  demonstrando a adesão peritoneal precoce e a implantação da endometriose?

Relato de um estudo:

Materiais e Métodos:

Já que o mapeamento da pelve demonstrou que o fundo de saco de Douglas (nota do tradutor: na pelve posterior, “atrás” do útero) é o local mais comum onde ocorre a endometriose [1], eu decidi examinar biópsias peritoneais de crianças que morreram por síndrome da morte súbita do infante (SIDS). O laboratório de Oregon é encarregado de investigar as mortes suspeitas, e realiza rotineiramente autópsias em vítimas de SIDS. Os espécimes obtidos continham a face posterior do colo, fundo de saco, e parte do reto unidos pelos ligamentos útero-sacros. Oito amostras foram obtidas deste laboratório, e uma foi obtida com um legista que trabalhava na comunidade.

Em todos os casos, uma lupa magnificadora foi utilizada para examinar o peritônio do fundo de saco. Em um caso, foi identificada uma placa esbranquiçada e fina de aproximadamente 200 μm de diâmetro. Ela foi retirada, fixada em formol e corada com hematoxilina e eosina para avaliação microscópica.

Resultados:

O achado microscópico da placa encontrada em um bebê de dois meses de idade demonstrou uma estrutura glandular, achatada, com epitélio bem definido, e circundada por possível estroma endometrial (Figura 5).

Figura 5. Fotomicrografia de alta potência de uma lesão glandular encontrada no fundo de saco de um bebê de dois meses de idade

Discussão:

Estudos modernos e a reinterpretação da literatura sobre a endometriose levaram a um modelo de origem da doença na qual poderíamos supor que ela estivesse presente já ao nascimento, e muito provavelmente encontrada no fundo de saco. A evidência acima suporta esta hipótese. Outros investigadores não encontraram tais evidências no feto {21, 22, 54], apesar de não ter ficado claro de quão frequente e próximo o fundo de saco foi examinado (nota do tradutor: pelo menos três estudos subsequentes publicados após esse artigo já demonstraram a presença de endometriose em fetos (nota da editora: leia nossos textos sobre endometriose em fetos: texto 1, texto 2 e texto 3). Ninguém sabe como se pareceria microscopicamente à endometriose em bebês. Apesar dos fetos serem expostos ao estrogênio materno através da placenta, essa exposição pode não ser o suficiente para que células estromais atinjam características identificáveis. Além disso, não há dados sobre a presença de receptores hormonais nestas áreas nos bebês.  Portanto, o tecido encontrado nesse estudo pode ou não representar endometriose. Entretanto, a interpretação é provocativa e sugere a necessidade de mais estudos sobre o peritônio pélvico posterior de meninas antes da menarca, seja durante uma autópsia ou durante uma cirurgia.  Até que isso seja realizado, haverá controvérsias sobre a origem da endometriose.

Apesar do achado de elementos glandulares sugestivos de endometriose em crianças suportarem a hipótese de uma origem embrionária, a metaplasia (nota do Tradutor: transformação de um tipo celular em outro tipo celular) ainda poderia explicar a origem da endometriose, apesar de certos pré-requisitos serem necessários: algumas áreas predeterminadas da pelve deveriam, de alguma maneira, ser selecionadas para passarem por metaplasia, e as extensões dessas áreas deveriam ser semelhantes e relativamente constantes em todas as faixas etárias.

Apesar de haver o relato de possível metaplasia em uma paciente [29], a suposta metaplasia que foi ilustrada poderia representar uma diferenciação embrionária que foi interrompida, e as invaginações da superfície ovariana ilustradas podem simplesmente representar uma das muitas formas da endometriose, ao invés de um tipo de metaplasia.

Um filtro de Millipore preenchido com fragmentos de endométrio foi implantado de forma autóloga em coelhos, e resultou na indução de elementos glandulares ao longo do filtro [55]. Este achado não pode ser interpretado como uma prova de metaplasia, já que não ficou claro se os filtros ilustrados foram resultados de implante (seja no fundo de saco, ligamento largo ou parede abdominal anterior), ou se os elementos glandulares representam claramente endometriose.

O conceito de Mülleriose não tenta explicar a implantação cirúrgica da endometriose [56, 57, 58]. Esses casos não provam a implantação sobre o peritônio ou qualquer outro local além do local cirúrgico, já que uma cicatriz cirúrgica é essencialmente diferente do peritônio.

Não há evidências na literatura que comprovem uma implantação endometrial precoce. Para ser convincente, tal evidência deveria demonstrar claramente a aderência dos fragmentos endometriais na superfície peritoneal, sem a penetração. A natureza da adesão, seja fibrosa ou outra, pode ser esclarecida pelo uso da microscopia eletrônica. Além da aderência, a penetração deve ser demonstrada. Sem tal evidência, a teoria da implantação permanecerá como um moinho de vento ginecológico pelo qual sucessivas gerações de teóricos irão lutar. Nova evidência para suportar a teoria de origem embriológica da endometriose
Esse artigo foi originalmente publicado em novembro de 1988. Agora, quase um quarto de século depois, a questão pertinente é se pesquisas recentes suportam a teoria da Mülleriose como o melhor modelo para explicar a origem da endometriose.

Uma sugestão desse artigo foi a realização de pesquisas sobre o peritônio pélvico posterior em meninas antes da menarca, seja durante uma cirurgia ou uma autópsia. Apesar de nenhum estudo semelhante ter sido realizado até o momento, Ebert e colaboradores [59] descrevem um caso de endometriose confirmada por biópsia em uma porção à direita do fundo de saco de Douglas e do ligamento útero-sacro direito em uma garota de 9 anos que nunca tinha menstruado, que tinha uma dor pélvica cíclica sem causa aparente. Além disso, os resultados de uma série inicial de nove fetos femininos foram posteriormente confirmados em uma série de 101 autópsias de fetos humanos femininos, nos quais houve a confirmação de endometriose em 11 deles [60]. Assim como no trabalho inicial, a localização e o padrão da endometriose, e a taxa de recorrência, se parecem fortemente com os padrões da doença em adolescentes e mulheres adultas.

Nota do Tradutor: a comprovação da origem da endometriose é, indiscutivelmente, o fator mais importante para que haja avanços em seu tratamento. Perdemos praticamente um século atados à teoria da menstruação retrógrada, e, infelizmente, parece que esse nó não irá se desfazer a curto prazo. Continuarmos acreditando que a endometriose é causada pela menstruação significa não resolvermos o sofrimento de milhões de mulheres ao redor do mundo, além de desperdiçarmos esforços e dinheiro em tratamentos paliativos.

Nesse artigo, o Dr. David Redwine, com sua grande experiência cirúrgica e o seu típico questionamento dos fatos, nos propõe que enxerguemos a endometriose como uma doença presente desde o nascimento, de origem embrionária. Na realidade, essa teoria, posta de maneira semelhante, mas não exatamente igual, antecede a teoria da menstruação retrógrada proposta por Sampson em 1927. O Dr. Redwine nos coloca essa teoria reformulada 25 anos antes dos primeiros relatos de endometriose em fetos, o que recentemente tem reforçado a hipótese. Entender essa teoria, bem como os seus desdobramentos, torna-se obrigatório para que tenhamos avanços reais no tratamento da endometriose.

Outro fato a se destacar nesse artigo é a observação do Dr. Redwine de que menos de um terço das mulheres com endometriose pode ter infertilidade. A dificuldade para engravidar costuma ser a maior preocupação da mulher com endometriose, mesmo que ela eventualmente tenha dor severa. Com o avanço do diagnóstico, haverá cada vez mais mulheres que receberão o diagnóstico da endometriose antes que considerem ter filhos, mesmo na adolescência, o que pode gerar preocupações sobre seu futuro reprodutivo.

Devemos entender que ter endometriose não é sinônimo de infertilidade. Assim, nós médicos não deveríamos recomendar às mulheres com endometriose que mudem seus planos reprodutivos e antecipem uma gravidez devido à doença, ainda que não estejam preparadas. O planejamento reprodutivo é íntimo e pessoal. Como médicos, devemos informar as mulheres sobre todos os fatores que podem influenciar negativamente suas chances reprodutivas, o mais importante deles sendo, indiscutivelmente, a idade em que buscará a gestação. Com informações corretas, incluindo aquelas sobre a endometriose, as escolhas tornam-se mais fáceis.